Mais um ano que se esvai, como areia
Fina entre grossos dedos apertados;
Nada estanca o tempo e a sua teia,
Mortos ou vivos tem-nos dominados.
Subjugados com força crua e feia,
Livres, porém, com peitos destroçados,
E eu sozinho no dia após a ceia,
Chamei Deus e chorámos abraçados.
Ano Novo é só mais um vulgar nome,
Quer-se próspero no seu eufemismo,
Mas é mais tempo e brutal, como um sismo.
Enquanto não morrer, aos anos dou-me,
Ao mesmo tempo que em tempos levou-me,
A alegria e me oferece o abismo.
30 de Dezembro de 2015
Viriato Samora