Sonetos : 

Nesta mão que ora escreve o mundo pára

 
Nesta mão que ora escreve o mundo pára,
Condensado, aprisionado e morto,
Reduzido ao átomo, cara a cara,
Ele, essa coisa, comigo, o aborto.

Um de nós é o dia, o outro a noite,
Um de nós é o sonho, o outro o gelo,
Um de nós o prazer, o outro o açoite,
Mas duas pontas do mesmo novelo.

É uma indefinição definida,
Como dois corpos que no amor se fundem,
Quando na traição do amor se desunem.

Cumprimentamo-nos, não nos falamos,
Nesse castigo mútuo e suicida,
No ridículo a que chamaram vida.

12 de Dezembro de 2003

 
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ViriatoSamora
 
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