Mil noites não fazem a madrugada,
Triunfante, por que eu aguardo, clara,
Só o tempo indefinido que passara,
Desde que fui, que não fui, que sou nada.
Sobre mim nessas noites abeirada,
Imagem sem cor, sem formas, sem cara,
Assim, sempre como eu imaginara,
Sobre o caixão, com lágrima encenada.
Por vezes no seu colo adormecido,
Nego o acordar por me pensar morto;
Vem-me então a alvorada desejosa…
Mas tantas no seu colo entristecido,
Na infinita penumbra agora absorto,
Desperto mais ao verso do que à prosa…
28 de Junho de 2009