Quando me sento sobre ti escrevendo,
Desenhando-te em fumaça intocável,
Adormeço cansado, já morrendo,
Ausento-me deste mundo admirável.
Sobre o teu corpo nu e frio lendo,
A história do amor inenarrável,
O momento em que não sou nem entendo,
Porque imagino o inimaginável.
Nisto abateu-se inclemente a borrasca,
Surdo a teus gemidos pelos trovões,
D’alma alumiada pelos clarões…
Deixei contigo de mim frágil lasca,
Dou o resto a esta escrita que me atasca,
Num lamaçal de magras ilusões.
30 de Maio de 2017
Viriato Samora