Dei o que não tinha e fui sem eu ser,
Vesti-me do avesso do meu pensar,
Mortalha traçada à luz do luar,
Na noite sem madrugada a romper.
Longe a distância do dia a andar,
Um abraço que se dá sem se ter,
Porque o tempo é só um verbo, anoitecer,
E a vida uma viola a acompanhar.
Imagina agora que não existes,
Foste memória de acasos tristes,
Volátil com o a alma que se desprende…
Sou quem se fere e morre e não se rende,
Muralha inexpugnável que a dor fende,
Para nada sirvo, mas tu insistes.
02 de Novembro de 2023
Viriato Samora