Na madrugada insone da desgraça,
Entre os dedos apertada e descida,
Pela mesma mão que ao dia ergue a taça,
Eis a espada da descrença suicida.
Víbora que nos dedos se entrelaça,
Lasciva, traiçoeira e destemida,
É beijo que na boca se amordaça,
É cruz que arde bem no inferno benzida.
E a cerviz que ao gume se oferece,
Inerte o corpo, entregue e sem pudor,
Desmembrado de alma e razão atenta…
Mas o coração que desobedece,
Preferindo viver em estertor,
Suplica-lhe o prazer da morte lenta.
30 de Agosto de 2009