Num movimento perpétuo, obsceno,
Descuidado e lançado à desventura,
Do tempo em que não há tarde nem cedo,
A mão aberta acenava à ternura.
Deu-se para sempre esse breve aceno,
Como uma boca cega que procura
O beijo rebelde de tão sereno,
Ao som oco e hipnótico de uma jura.
Por todo o lado, mansamente e calma,
A paz dos justos, mais injustamente
injustiçados, poisou densa e forte…
E sem raça nem credo, a branca palma,
Transcendendo a dor, pondo-se-lhe à frente,
Meneou aos ventos de sul para norte.
16 de Novembro de 2010