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Benjamin Pó | Publicado: 23/07/2025 19:07 Atualizado: 23/07/2025 21:44 |
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O poema começa hesitante, em monósticos, descrevendo uma situação que compara o "eu" a um boneco retirado daquelas máquinas de guindaste que ainda existem por aí. Compreendemos melhor o simbolismo desta situação no último verso da primeira estrofe que continua na segunda, de ritmo mais rápido, oscilando entre a gratidão e a revolta, em que se regressa a um vínculo passado que deixou marcas na sua sensibilidade, que se encontra em processo de reconstrução. No entanto, esse processo não é pacífico: a dureza da experiência que sofreu faz com que o sujeito poético (que se assume como feminino) olhe com ácida ironia para clichés como "O tempo tudo cura", reconhecendo que não era apenas na sua pele que havia sinais de degradação, mas em tudo o que a rodeia, através da metáfora intensa do lixo. Um poema que deixa uma impressão muito forte em muitos de nós, que reconhecemos estas sensações e os efeitos em quem somos. |