A noite caía, leve.
A nuvem beijava a lua
A lua beijava o rio
E o rio beijava o mar.
Um frio de estrela polar.
Lá longe se ia o navio.
Uivava o vento bravio
Mistério nas coisas do ar.
Espuma em onda de neve.
Impera a vida noturna
O canto do corvo, breve
Na brevidade da lua.
A noite estava no cio.
Madruga dormindo, nua.
Brisa cobrindo o vazio.
Neblina vestindo a vulva.
Quebrando a mudez, um uivo
Na noite eterna do tempo
Dos seres perdidos, não-vivos
Movidos à força do vento.
Em mim lacuna rupestre.
Em mim ferida ferina.
O fim distante e tão breve
Da brevidade da vida.
Gyl Ferrys