Poemas : 

CIUMEIRA

 
 
Não cobres paradeiro, hora exata
Ou cifra alta quando o abraço falta
Me fere assim, me sufoca e laça
Com ciúme que já virou desgraça

És luz do sol, é mar e mente clara
Mas a maré no peito o barco vira
E viras fiscal do dia, do meu passo
E no querer, me chuta ao espaço

A inteligência que há de nos salvar
Não calcula, mas sabe bem amar
Não há ciência exata, meu amor
É a arte simples de nos dar calor.

Teus olhos são farol, mas falta luz
Tenebrosa tempestade te conduz
Troca a paz por guerra que é incerta
Depois fecha a porta antes aberta

Seu castelo é de sonhos, de finura
Mesmo longe se vê alta cultura
Sentimento sem remédio, sem pudor
Se converte em ódio a qualquer rumor

A inteligência que há de nos salvar
Não calcula, mas sabe bem amar
Não há ciência exata, meu amor
É a arte simples de nos dar calor.

Não me vigies o verso, o porto, a roupa
Decifra antes o medo que faz louca
A chave não está em meu percalço
Mas no monstro que devora meus pedaços
[Que se alimenta da nossa distância]

O ciúme que corrói também te cega
Uma fera à solta que ninguém nega
Sem cercas, grades, sombra, medo
Mas que vive a vida em mil segredos

A inteligência que há de nos salvar
Não calcula, mas sabe bem amar
Onde falta o encontro, sobra espanto
Que se esvai sem jeito nesse canto.


Souza Cruz

 
Autor
souzacruz
Autor
 
Texto
Data
Leituras
53
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.