Já não ouço o galo da madrugada,
Nem carroças com seu gemido surdo.
O bairro antigo é um baú do absurdo,
Da fotografia velha, desbotada.
A avó bordava a tarde colorida,
No quintal as cores eram asas.
O fio invisível tece casas
De saudade, em teia estendida.
O rio da lembrança flui calado,
Nele leva peixes de ilusão.
E a fonte na praça já secou.
E eu, herdeiro desse passado,
No cheiro da sopa que ficou
A chave da perdida habitação.
Souza Cruz