Um poema triste na tua voz vive,
Bruto e obcecado em palavras que não
dizem nem sentem o que o torna livre,
Puro e claro dentro da escuridão.
Mil sóis cegos viram bem onde estive,
Bocas caladas ao som de perdão,
Rendidas à luz de quem sobrevive
Sob o tecto baixo da solidão.
E na tua voz triste um poema cresce,
Na liberdade que o doma e recita,
Renasce um verso mudo que se grita…
Ao mundo se espalha e nele floresce,
Faz-se um sentir que sobe e nunca desce,
Ignorado, mas que o deus vate imita.
24 de Março de 2017
Viriato Samora