Sonetos : 

O silêncio é o primeiro a cair

 
O silêncio é o primeiro a cair,
O eco do nada galga em som crescendo,
Esgota-se em mim, nada mais havendo,
E esgota-me no seu não existir.

A mudez da noite num grito horrendo,
O dia não nasce, não há-de vir,
Os bichos que se unem num só ganir,
Morro-me vivo neste meu morrendo.

Nem o ar respirado e puro se vê,
Todos as coisas passam, se ultrapassam,
Qualquer sentimento se perde à toa…

A saudade dá-me os braços em T,
Duas lanças que afagam e trespassam,
O sonho que aqui fica e já não voa.

04 de Dezembro de 2010

 
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ViriatoSamora
 
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