O silêncio é o primeiro a cair,
O eco do nada galga em som crescendo,
Esgota-se em mim, nada mais havendo,
E esgota-me no seu não existir.
A mudez da noite num grito horrendo,
O dia não nasce, não há-de vir,
Os bichos que se unem num só ganir,
Morro-me vivo neste meu morrendo.
Nem o ar respirado e puro se vê,
Todos as coisas passam, se ultrapassam,
Qualquer sentimento se perde à toa…
A saudade dá-me os braços em T,
Duas lanças que afagam e trespassam,
O sonho que aqui fica e já não voa.
04 de Dezembro de 2010