Naquela hora já arrastada e tardia,
Indistinta entre noite e madrugada,
Tão desperto no sono que dormia,
Ouvi teus passos na porta de entrada.
Disseste quem eras, a nostalgia,
Abraçaste-me gélida e orvalhada,
E na lentura do teu corpo havia
Marcas do tempo, clarões de trovoada.
A mim te enlaçaste sob as estrelas,
Encontrámo-nos, perdemo-nos, fomos
um corpo melancólico e sem chama…
A alvorada, as cores diurnas, belas,
Mostraram ao mundo quem já não somos,
No dia da noite em que se desama.
11 de Outubro de 2021
Viriato Samora