Perdi no mar a boneca de louça,
Era de minha mãe e mui velhinha,
Choro, mas não quero que ninguém ouça
O pranto desta lágrima sozinha.
Arrasto-me pela pobre vida ensossa,
Disfarçado por esta dor que é minha,
E embalado pelas mãos duma moça,
Encarnação da minha bonequinha.
Prostrado, olho esse mar onde perdi
Um tempo e um viver tão irmanados,
Um mundo donde não sei se fugi…
Para um dia o céu, em risos rasgados,
Me oferecer rico sol de rubi:
Essa alma de lua de olhos alados.
10 de Agosto de 1995