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O Varal da Ausência Tecida Por Chris Katz

 
O Varal da Ausência Tecida Por Chris Katz

​O vento leve, mensageiro sem pressa, beija a brancura estendida, e ali, no linho que treme, mora a saudade no varal. Não são roupas a secar, mas sim pedaços do que não volta, lavados em lágrimas que o sol dissimula.

​A fronha alva, a que acolheu sonhos já desfeitos, guarda ainda o formato fugidio da cabeça amada, um perfume aéreo que a memória sopra. A camisa, aquela de cores vivas, agora balança em um ritmo só dela, como um coração que dança sem par.

​São fantasmas de algodão e seda, suspensos por pregadores de madeira que rangem, pequenos suspiros ao sabor do tempo que escoa. Cada peça é um dia vivido, um abraço guardado, um riso mudo que se estica sob o céu vasto.

​E a gente olha, e o peito aperta em doce dor, pois o varal não apenas seca; ele expõe, em sua singela teimosia, a beleza irrecuperável do que foi. É a poesia da falta, pendurada ao sol, esperando que o calor a embale e, talvez, a devolva mais leve ao peito que a veste.


Sou Mundos!


Chris

 
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Katz
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