Há tanto tempo que para aqui estou,
Perdido com a minha solidão,
De ombros curvados, a um palmo do chão,
Que já nem sei quem fui, menos quem sou.
Afinal é só mais um meu serão,
O meu sarau que ninguém visitou,
Talvez porque ninguém se convidou,
Com a certeza de não ouvir não.
É tão fácil a culpa que se imputa,
Nada mais é a vida senão luta,
Injustiça e traição, desesperança…
Mas eu, bicho, acoitado nesta gruta,
Lá fora a tormenta, aqui a bonança,
Versejando consigo ser criança.
02 de Março de 2011