Ao crepúsculo da aurora nasci,
Amortalharam-me na dor de um verso,
O ditongo que me ligava a ti,
Foi ceifado para mal do universo.
E de maternais mãos pendente o terço,
Esconjurando o que se via ali,
Sorvendo o ar como terra, a urna o berço,
Vim ao mundo no sopro em que morri.
Quiseram-me louco, mas fiz-me poeta,
Cantarei perenemente a loucura,
De ser parido na alvorada escura…
Sou eu e a ansiedade que me infecta,
Venha o tempo na idade mais provecta,
Mas esta é a minha forma mais pura.
22 de Outubro de 2007