Tantas páginas sinceras sem dedos
Para as desfolhar nesta Primavera,
Disfarçada por cantos e degredos;
O livro da vida com capa austera.
Onde o sentimento mais se venera,
Acendem-se círios por segredos,
Tão longa é a noite da tua espera,
Rendida aos cultos pagãos de bruxedos.
Sabe a sangue a tinta que vos espanta,
Escorre do peito e sobe à garganta,
Evangelhos testigos de pecado…
Rasga-se a página? Essa frágil planta
não merece a sorte passar-lhe ao lado,
Pois que és tu, se pensares um bocado.
04 de Maio de 2011