Morning Sunday – a sra. Vince amanheceu brigando com a teimosa da Little Black, que conseguiu, Deus sabe como desvencilhar-se da corrente que a prendia a um tijolo na sala do computador e passou uma boa parte da noite peregrinando de um lado para outro como um fantasma inglês pelos cômodos da pensão. Eta cadelinha danada!
- Ah! Cachorra! Como tu conseguiu te soltar? – perguntou zangada e em voz alta que ecou por toda a pensão no limiar da manhã, espantando e acordando o Sr. Com de seus pesadelos.
O radinho jazia desligado no canto do colchão, reconectou uma das pilhas e um dance dos anos 80 inundou a sua sofrida alma – “Like a virgin” da divina Madona – levando de volta a seu doce passado na casa grande do Desterro. Levantou e foi lavar as roupas no quintal, de molho desde ontem – Jantou três sandubas reforçados de fígado com café, começou a reler “O amargo sabor da vingança” que lera ano passado é já o esquecera por completo, do escritor americano Gerald A. Browne e assistiu dois filmes no you tube: um polonês “Voltando a ativa” e um tcheco “Na sombra” que o fez lembrar de “O Processo” do amado mestre amado Kafka. Ferrou cinco reais de Ambré, filho de seu Ademario. Depois da lavagem, o bom banho ao ar livre e em seguida envergou a farda domingueira, colocou o cartão de passe no bolso da bermuda e caiu no mundo. Esperou por mais de meia hora o Paraiso na parada em frente ao D’Bol na avenida Sarney Filho, Vila Embratel. Não muito lotado e teve a sorte de sentar-se ao lado de uma branca estilo Mae West, de óculos escuros e seríssima. No centro olhou de relance a sua velha rua abandonada e sentiu aquele aperto do coração – Meu velho Desterro, murmurou. Enlameio-me numa falsa esperança de que meus sonhos serão realizados. Doce ilusão mal digerida, então inquilino-me na minha tristeza, ninguém pode reescrever o seu destino, mesmo sendo incerto.