Em S. Domingos já não há fogueiras,
Para queimar a divina heresia,
Que se levanta e é a minha poesia,
Pelo diabo grunhida à braseira.
Também não há foice em mão de ceifeira,
Piedosa para a minha agnosia,
Eivada de milagre e bruxaria,
Que em mim têm ensaiado a vida inteira.
Não há amor sem ensaio de pecado;
É tão largo o espectro de sol a sol,
Maior do que o cosmos inacabado…
Toda a dor é guardada num paiol,
A pena é mecha do estoiro calado,
E com tal fogo acendo o meu farol.
28 de Outubro de 2009