Sem te fazer mal, vens bater-me à porta,
Pancadas fortes de nenhuma mão,
Ninguém vejo, só um vento que corta e
desperta a minha amante solidão.
Queres a tua vida dar-me morta,
Todas as coisas que de nada são,
Pela beira da vala que me exorta,
Tentamo-nos pelo outro lado ou não?
Então falece ao troar duma prece,
A minha força consumida ao osso,
Meu último grito ecoado num poço.
Ah! Quem é vivo nem sempre aparece,
Como o bem que facilmente se esquece,
Sei que estás aí, que gritas, mas não te ouço.
10 de Abril de 2020
Viriato Samora