Secou a fonte onde a pena bebia
E provinha a luz que guiava os passos;
Agora, onde tanto amor se bem via,
Vem o silêncio em longos compassos.
Moribunda anda esta pobre poesia,
Como um corpo que luta e baixa os braços,
Que esperava a doçura, mais que a azia;
Ai amor! Tão forte e estás em pedaços…
Sem carácter, de ventre rastejante,
Agindo oculto pela sombra nocturna,
Tal como o indigno ser aviltante…
Chegado, apresenta-se à luz diurna:
Sou o ódio, teu cavaleiro andante,
E venho acompanhar-te até à urna.
04 de Outubro de 2001