Não me inspira o vulcão que em ti habita,
Mais do que as fragrâncias estivais,
A calma dos campos, dos animais,
Palavra dita, palavra desdita.
Um sopro que te fez assim proscrita,
Em mim errante pelos meus covais,
Vens aqui, sem saberes onde vais,
Ficas comigo nesta hora de escrita.
Cravas então a garra lancinante,
E em surdina dizes ser minha amante,
Com teu poder de criar e matar…
Desfaleço em teus braços, soluçante,
Sorvendo em teu colo o último ar,
Dessa inspiração tão nua e invulgar.
13 de Agosto de 2021
Viriato Samora