Foi do teu ventre de luz peregrina,
Brotado das trevas ao sol do dia,
No âmago da madrugada assassina,
Essa vida de tão cheia vazia.
Não mais, não mais às dores a morfina!
Relapso no amor, uma litania,
Fez-se num grito de voz clandestina,
Cântico litúrgico, bruxaria.
Foi do teu ventre expulso, aos empurrões,
Mataram-lhe os sonhos, as ilusões,
Nessa dádiva a que chamam nascença…
Mas quanto não vale o fogo, os torrões,
À luta fratricida, vil e intensa,
Entre tudo o que se não diz e pensa?
06 de Setembro de 2021
Viriato Samora