Na languidez serena, esbranquiçada,
A face oculta pela dor mortal,
Por fugaz relâmpago iluminada,
Rutila com lágrimas de cristal.
No cárneo vespeiro aconchegada,
Esmagando o sentir transcendental,
Ao berro dum trovão, desamparada,
Cai à rua e descrê ser imortal.
Num derradeiro fôlego de vida,
Transforma-se em pena e vai escrevendo,
Nesta letrinha mortiça e sumida;
Que todo o prazer teve-o sofrendo,
Que o amor só tem o sentido de ida,
É a alma quem o diz e está morrendo.
22 de Setembro de 2000