O teu abraço no fim do pecado,
Trespassante, possante, mas sem posse,
Cheio de intenção, talvez ignorado,
Oco e sem sentimento que o acosse.
Invisível no teu corpo ali dado,
Já sem calor nem mosto que o adoce,
Um abraço sem braços afagado,
À medida do deus do adeus que o emposse.
Veio então inclemente e aturdida,
A despedida em lágrimas de chuva,
Trazida por alguém ali ausente…
Lavar com sol e mágoa a ferida,
Para a noite vasta e negra viúva,
Abraçar esse espectro deprimente.
13 de Janeiro de 2022
Viriato Samora