Sonetos : 

O teu abraço no fim do pecado

 
O teu abraço no fim do pecado,
Trespassante, possante, mas sem posse,
Cheio de intenção, talvez ignorado,
Oco e sem sentimento que o acosse.

Invisível no teu corpo ali dado,
Já sem calor nem mosto que o adoce,
Um abraço sem braços afagado,
À medida do deus do adeus que o emposse.

Veio então inclemente e aturdida,
A despedida em lágrimas de chuva,
Trazida por alguém ali ausente…

Lavar com sol e mágoa a ferida,
Para a noite vasta e negra viúva,
Abraçar esse espectro deprimente.

13 de Janeiro de 2022


Viriato Samora

 
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ViriatoSamora
 
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