Acordou aos gritos o povoado,
O doido, espojando-se pelas ruas,
Vomitava raios em frases cruas,
Dizia que era o filho muito amado.
De todos os cantos injuriado,
Prometeram-lhe açoites com mãos nuas;
Como certo é não haver três sem duas,
Num ápice ao luar viu-se cercado.
Velhos, novos, fanfarrões da pedrada,
Rameiras justiceiras sem memória,
A voz do povo esquecida dos seus…
Quando duma varanda debruçada,
A menina doente aguardando a glória,
Sorriu ao louco e ao povo disse adeus.
03 de Junho de 2010