Toda tu és uma flor por florir,
Adormecida em letárgico embalo,
De mãos que te colhem e deixam cair,
Quando o amor se rende ao primeiro abalo.
Fosses tu flor que se acena ao partir,
Audaz e livre em crina de cavalo,
Fecundada pelo vento, a zunir,
Regressaste tu, flor, e já me calo.
Floriste, então, dentre os brutos penedos,
De entranhas arrancaste-lhes segredos,
E perfumaste o mundo sem censura…
Porém, um dia, afagada entre os dedos,
Murchando na agrura que te procura,
A beleza entregaste à desventura.
19 de Julho de 2022
Viriato Samora