Em tuas mãos de gelo e fogo puros,
Nasceu já morto o filho do desgosto,
Aconchegado ao calor do teu rosto,
Em dor, em pranto, em gritos imaturos.
Inflamaste esse corpo decomposto,
Com libações e bálsamos obscuros,
E em lágrimas e afagos inseguros,
Ergueste-o da terra ao luar de Agosto.
Moldou-se em formas de bardo espectral,
Deu voz sem a ter, cantou sem cantar,
Errante na ausência desprezada…
Verborreico, rude e paradoxal,
Do sentir ao sentimento, a saltar,
Foi a chaga no peito desenhada.
03 de Novembro de 2022
Viriato Samora