Soneto, aconchego de lume lento,
Frases insubmissas, ditas, cantadas,
Um sentimento bravio, sedento,
Raiando nos dorsos das alvoradas.
Um crescendo de vozes que acalento,
Vozes de amor tantos anos caladas,
Gritos estridentes num só lamento,
Por saudade e morte e dor, mutiladas.
Quando buscam saber de ti, soneto,
Escondes-te e vives no teu gueto,
Onde eu na escuridão me encontro e clamo…
Alvíssaras brotam neste terceto,
Perdido afinal do eu em que me chamo,
Soneto é a voz em que digo que te amo.
16 de Novembro de 2022
Viriato Samora