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Tempestade

 
Cai a noite num gesto vagaroso, o sol esvái-se demansinho e as nuvens pequeninas estão cada vez maiores e mais cheias, mais escuras.
_Vai chover. Digo eu enquanto tu te espreguiças lentamente ao meu lado.
Parece que o tempo vem adequar-se ao meu estado de espírito, hoje também me chove na alma, lágrimas de amor.
Quando me levantei olhei para o meu lado, vi o teu corpo estendido, olhei-te o rosto e tive de novo dezanove anos, fui de novo a menina de olhar sorridente que conheceras, fui de novo eu mas olhei-te e não vi em ti o rapaz de dezanove anos, olho para ti e vejo uma forma descontínua, descompassada, imprudente de ser. No que te tornaste!
Baixo o meu olhar e abano a cabeça negando o que penso mas sabendo-o tão bem.
_Em que pensas? Perguntas-me tu enquanto te levantas olhando para o horizonte e vendo que mais uma vez não soubeste dar-me razão.
Eu calo-me apenas como tantas outras vezes, faço de conta que não notei a tempestade que foi e é dentro de ti...

... olho-me ao espelho tenho dezanove anos, um olhar sorridente e chovem-me na alma lágrimas de amor.


. façam de conta que eu não estive cá .

 
Autor
Margarete
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