Sem espécie de intervenção altiva ou divina
Chega lenta a escrita que componho!
Numa inversão diversa de palavras ponho
Todos os sentidos da minha triste sina.
O fim é inicial, regresso domado pela poesia!
É assim que em sínteses racionais suponho
A sentir como introdução final a cada sonho,
E ver a dolência como própria auto-biografia…
O que sobrou de mim? Um nada que tanto assombra!
Relógio parado num não poético negro da hora,
Que rói aos poucos, o pouco talento da memória.
Abismo profundo na mente! Eu apenas a fútil sombra
Lambendo os pés de quem fui, pedindo escora
Para uma qualquer inspiração, mesmo que provisória….
Paulo Alves