Não preciso ver-te para saber que estás presente
Ainda que não te veja
Ó luz da vida, que me guia
Para onde quer que seja
Teu, caminho, sigo, neste dia
Ainda que não te sinta
Ó brisa que me refrescas
É a tua frescura, que pinta
O amarelo das giestas!
Ainda que não te escute
Ó grito da minha alma
És tu, quem me incute
A esperança e a calma!
Ainda que não te sinta
Ó perfume das flores
É a tua doçura que pinta
Os jardins de mil cores
Ainda que não te veja
Ó meu, pequenino, coração,
Por quem, aqui não esteja
Sei que bates, forte, como trovão
Ainda que não te escute
Ó silêncio da natureza...
O meu maior desfrute
Advém da tua beleza!
É Primavera
Na melodia do canto dos pardais
Acompanhada pelo sussurrar do vento
Vens Primavera dar contentamento
Neste dia de encantos surreais
Vens vestir de rubro os roseirais
E de sonhos o meu pensamento
Mas, teu maior encantamento
É o perfume de tempos ancestrais
É a vida que trazes em cada flor
A natureza em pleno esplendor
Até as águas do riacho cantam
Melodias que a todos encantam
Alegrem-se, amigos, não é quimera...
É tempo de sorrir, é Primavera!
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Suspiro
Sufocam-me os silêncios perdidos…
As sílabas das palavras não ditas
Aquelas que jamais foram escritas
Nos versos, agora esquecidos...
Sufocam-me os sentimentos doridos
As longas horas, passadas, prescritas
Os gritos calados, as vozes malditas
Que me fazem até, perder os sentidos
Sufocam-me, os sonhos, vencidos
Os alicerces sobre areia construídos
Os olhos abertos que nada vêem…
As mentes, que em nada, crêem…
Sufoca-me até o ar que respiro
Mas… porque vivo… Suspiro!
Passadas sim, mas não em vão!
Naufragando, meus olhos, tristes estão
Vertendo do peito, lágrimas salgadas
Tentando sem jeito, apaziguar o coração...
Convertendo histórias em águas passadas
Passadas sim, mas não em vão!
Pois as páginas do livro imaculadas
Onde vou guardar com emoção
O encanto de duas almas enamoradas
Perpetuarão escrita a voz do coração
Ao ritmo melodioso daquela canção…
Do rio correndo pela encosta do monte
Da ave cantando e voando sobre o mar
Do que nos encheu a alma e fez sonhar...
Projectando vida para além do horizonte!
Nessa estrada
Nessa estrada, cuja calçada
Reluz o brilho, da tua luz
Revelando este trilho, que me conduz
Nessa estrada, cuja calçada
Amortece, os passos e dá norte
A esta Alma, cansada, e a faz forte
Nessa estrada, cuja calçada
Testemunhou, em tempos, a tua chegada
E te guiou, com os ventos, na retirada
Nessa estrada, cuja calçada
Me levou, num sonho, apaixonante
E me deixou, esta realidade, ofuscante
Nessa estrada, cuja calçada
É tudo, o que tenho sob os pés
E no coração, estás tu... Porque não vês?
Nessa estrada, cuja calçada
É a minha vida, a minha morada.
Soltei as amarras de minh`alma
Soltei as amarras de minh`alma
Da brisa gelada que m`envolvia
Abracei encantado a melodia
Que, de tão doce, me acalma
A dor que me agonia...
A entrega
Quantas estrelas, tem o céu?
Quantas algas, tem o mar?
Tem tantas, que não sou eu,
Quem as vai conseguir contar
Quanta luz, delas, resplandeceu,
Naquela, longa noite, sem luar?
Quanta vida, delas floresceu,
Sob as águas, desse mar?
Foi luz, foi vida, que nos cobriu
Com um manto, como nunca se viu
Foi lírio, foi rosa a desabrochar…
Foi encanto, partilha, emoção
Momento, que entreguei o coração,
E a minha vida, para te amar!
Assim de repente
Assim de repente...
Nesta manhã, tão igual tão diferente
A mesma névoa matinal
E tu meu amor ausente
Talvez caminhes junto ao mar
Ou num jardim, alegremente
No meu coração vives, certamente.
Nestes sinuosos caminhos,
Que percorremos, livremente
Florescem amores, docemente…
Teu suave perfume
Levado nas ondas desta brisa,
Que atravessa os vales e o cume
Deste emaranhado de escrita,
Perpetua este sublime sentimento,
Enamorada alma bendita!
Fonte dos meus Sonhos
Fechei os olhos e senti
Meus sonhos florir de ti
Qual terra árida, sem vida?
Por ti floresce a semente
Que outrora julgava perdida
Ó fonte dos meus sonhos
Que me encantas, docemente
Tempos tristonhos abandonei,
Quando em teus braços me entreguei.
Além do silêncio, um alegre viver
Estendo, meus dedos, sobre o papel
Duma página, branca, tão pura
Deposito nele, todo sabor, do mel
Que floresce, desta Alma, tão escura
Rabisco, meus sentimentos, sem fel
Semeando, doces flores, na frescura
Da manhã, que me viu, num corcel
Cavalgando, veloz, à tua procura
Nas margens verdejantes dum rio
Sob o luar, num sonho, fugidio…
Sobre as ondas, revoltas, do mar
Conquistando, ao tempo, o sonhar
Perpetuando somente este querer...
Além do silêncio, um alegre viver!
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