Lágrima que não cai
Sonhos a morrer
D-e-v-a-g-a-r
Lágrimas que não saem
Sempre a crescer nuns olhos secos
E dia após dia a afundar
Precipitando e fugindo do abismo
A beira do abismo
Sem saber para onde ir
E indo sempre aos mesmos lugares que as pernas estão acostumadas
Sem saber porque
Estando vivo e isto ser tudo
Apenas sobrevivendo no caminho
Dia após dia
Semana após semana
Mês após mês
Afinal para quê
Alimentado-me
Andando
Desejando que o tempo pare
Mas o tempo…
O tempo não para
Não há suficiente para apreciar a vida
Vida sub-vivida
Sub-vida
Sem objetivos
A juventude já foi
E diariamente apercebo-me de mais um cabelo branco que nasceu
O dia de mudança foi ontem
E apesar dos moveis terem se ido embora eu fiquei
Já não tenho meu urso que acompanhou a infância
Ficou algures perdido como pedaços de mim pelo caminho
Não sei o que quero
Talvez apenas que a lágrima consiga cair
Num colo que me afague ternuramente os cabelos
Partilho-me
Mas escondo-me através de um desenho meu rosto.
Serei digno de dizer que estou a partilhar-me?
Será que quem partilha-se com seu rosto por o mostrar está a partilhar-se mais que eu?
Partilho meus pensamentos, pois são meus pensamentos que quero partilhar.
Não estou, pelo menos de momento, interessado em partilhar a cor dos meus olhos.
A minha idade e tudo aquilo que é tangível em mim.
Não significando isso que não passei a partilhar com alguns que penso que devo partilhar.
Partilho meu trilho, meu trilho do pensamento.
E se falo de coisas tolas é porquê apetece-me.
E se quiserem dar-se ao trabalho de criticarem-me…
Agradeço
Para ser sincero aprecio mais as criticas que os aplausos.
Aplauso fazem bem ao ego!
As críticas permitem o crescimento!
Convido, a quem queira caminhar comigo.
Mesmo que o queiram para numa noite de cansaço…
Roubarem-me de mim!
Quem sabe se não é o melhor que me fariam mesmo pensando-se como ladrões?
Mas se eu olhar mesmo para mim.
Pouco ou nada me importo com quem caminhe ou não ao meu lado.
Quem vem por bem…
Vem porque quer, e por querer não dou nada diferente do que sou, pois não é nada diferente do que quer.
Quem vem por mal…
Também vem porquê quer, e nada de diferente do que sou leva
E o que me importa realmente é o que deixam.
Deixará mais quem vem por bem ou quem vem por mal num mundo não tangível de pensamentos.
Não vejo sentindo algum para mim.
Partilhar o que não quero.
Pois o que quero está a disposição de todos.
O que não quero apenas de quem escolho.
Escondo meu rosto?
Escondo!
Por não o considerar importante perante ao que penso.
Só desejo aquilo que estás disposta a dar
Tu estás em todas as esquinas da minha vida, vigias meus cruzamentos, guardas minha cidade estando dentro de onde queria mas não posso por ter-me vendido.
Ao longe não deixo passar desapercebidos os teus sinais, os sigo e acabo sempre indo ao encontro daquilo que alguns chamam por destino, não, não vi entrares pela porta mas a ouvir bater, evitei o cruzamento das nossas vidas e acabei por te seguir, sabes? Claro que não sabes afinal ninguém sabe nossos segredos mais íntimos, ontem senti-me maior por estar próximo de ti e isso faz-me sentir tão bem, não preciso muito mais para sentir-me feliz, foi como quando se é criança e nos deliciamos com o bolo que mais gostamos.
Só desejo aquilo que estás disposta a dar, é mais que o suficiente para diariamente um sorriso largo espalhar-se pelo meu rosto quando pela manhã me olho no espelho e confronto-me com a minha realidade.
Miopia
Nasci com miopia ou adquiri esta miopia?
Ou parte nasceu comigo e parte foi adquirida?
Pouco ou nada importa
Importa é o que faço!
Independentemente do tipo e grau de miopia que tenha
Vale a pena lutar para perder a miopia?
A luta só leva-me a ganhar uma outra miopia qualquer ou o aumento do grau da miopia que tenho
Pois
Não obterei nada mais que outra miopia qualquer ou o agravar da minha miopia
Afinal não existe visão que espelhe a verdade da realidade
É impossível
A visão é apenas espelho
Nunca a verdade
Logo
Podendo escolher entre uma miopia
Que faz sentir triste, infeliz e inconformado
E outra que trará felicidade
Só escolheria a primeira
Por burrice
Merda
Ó coitadinhos, não tenho pena nenhuma de vocês, choram e riem como todos, se vosso tabaco é o que cravam, qual é o problema? São mais sortudo do que aqueles que o tabaco que fumam é feito de suor, e não tenho pena nenhuma dos que suam, deviam olhar para o céu e agradecer, todos os dias, todos segundos e minutos nossas acções e pensamentos levam para estarmos exactamente no lugar onde estamos agora, e agora te olho desconfiado e apaixonado por esse teu corpo jovem, vejo teu olhar de canto de olho que não sei descodificar, se soubesses descodificar o meu verias que nem queria tocar-te, apenas apreciar a beleza que existe em ti, que existem em todos, mesmo naqueles que estragaram com a merda da vida que tiveram, será que não é visível aos olhos do jogador que aquele que não joga é o que realmente vive, odeio esses olhos espertos de quem pode vir a ganhar alguma coisa com isso, adoro teus olhos que acompanham ou não os meus, mas, humildemente e sem serem sobreveniente ainda mostram a vida vivida e que há para viver, esta tua esperança em voltar-me a enganar, como enganaste-me e eu deixei mete-me nojo, a esperança de encontrar o génio que brilha novamente me alegra e ao amigo que penteia suas barbas tenho sempre metade do meu ouro para encher-lhe a taça de vinho e o prato de pão, mas na verdade sinto-me triste, sinto-me triste por vos comprar e não conseguir de outra maneira demonstrar que vos quero bem, quero aprender o jogo do jogador, sentir o brilho do génio e aprender a ser humilde como o humilde, gostava tanto de ter capacidade suficiente de fazer com que desejassem doar isso apenas pelo prazer de doar algo, mas não, tenho de pagar, e pagar, e pagar, sempre a pagar, sem conseguir apagar as merdas que fiz, apenas repetindo a merda que sou, fazendo repetidamente as merdas que sempre faço que na verdade são iguais as merdas que vocês fazem, ou não?
Não achei que deveria colocar o texto para maiores de 18 apenas devido ao uso da palavra merda, mas a segunda critica posso mudar de opnião.
Escuta a resposta
Lembro-me de tocar-te,
Talvez só volte a acontecer em actos de sedução passiva ou activa,
Minha ou tua sem querer ou a querer,
Estando ou não na mesma onda,
Pouco importa!
O que importa de tudo,
Mesmo que tudo seja pensando bem um quaze nada,
Fique um olá como estás,
Daqueles que se olham nos olhos e se escuta a resposta.
Deixa-me...
Deixa-me olhar-te.
Deixa-me ver-te.
Deixa-me deliciar-me com cada expressão de cada parte de ti.
Deixa-me especular sobre a intercepções de olhos, lábios e pernas,
sobre o que tuas palavras dizem,
sobre o que eles desejariam dizer,
sobre o que queres que eu entenda mesmo sem as dizeres.
Deixa-me puxar a corda sem medo que ela se arrebente,
por eu saber que estou perdoado por puxar a corda antes de a puxar,
por tu saberes que se a puxo é porquê quero-te a aproximar.
E por favor,
não te inibas de me empurrar se eu violentar teu espaço,
por saberes que eu sei que não tenho esse direito.
Mas…
as vezes não sou hábil.
Perdoa-me a falta de sensibilidade,
e ajuda-me a ser mais sensível.
Goza a prazer de ser fantástica como és ao adivinhar-me,
mas também,
as vezes,
[i]mesmo adivinhando-me obriga-me a expressar-me,
assim libertando-me.
Deixa-me olhar-te.
Deixa-me ver-te.
Deixa-me deliciar-me com cada expressão de cada parte de ti.
És escritor?
Estando com meu caderno sentado numa mesa de bar perguntam-me:
-És escritor?
-Não, apenas gosto de escrever. - Respondo.
E em meu sonho viajo, transfiro para o papel o que sinto, as conversas que tenho com quem só existe na minha cabeça. Serei um dia digno de ser chamado de escritor? Desejo ser, nem que seja apenas para um leitor e esse seja eu.
Congelado no meu sentir
Volto ao jardim, aquele que via da janela do meu quarto, olho para dentro do gradeamento que eu já estive enclausurado com curiosidade acerca da vida que lá vive hoje, se é que vive, dou passos suaves com cuidado para não pisar as folhas secas dispersas pelo chão e sento-me vagarosamente no banco como quem está no sofá de sua própria sala, os sons são calmos, um misturar de aves a cantarolar com o barulhos dos carros que as vezes passam a uma distância superior a aquela que me incomodaria.
Estou cansado desta vida monótona, mas vejo claramente que foi aquela que eu desejava, devia estar feliz mas falta-me algo que não sei bem o que é, vejo pessoas a passarem e lembro das vezes que passei-me com ela, ameia-a tanto, odiei-a tanto, mas hoje, infelizmente já não sinto nada, parte de mim morreu e sinto, sem sombra de duvida, que a minha vida tinha mais vida até quando sofria do que agora congelado no meu sentir.
A dúvida
Prendem-se expressões do teu rosto em minha mente que não quero deixar fugir.
Pois vida é uma grande trapaceira!
Nada é garantido!
Nada é eterno!
Por isso não sou capaz de fazer promessas.
Mas não quero deixar de reter o que ficou do teu ar em mim.
É que sou tolo!
E não me importo de ser tolo pois acho que é a maior estupidez do mundo perder a tolice.
Se ser adulto é não ser sincero, é ser artimanhoso e não permitir-se desfrutar de coisas simples, boas e singelas por achar que as experiências anteriores ditam o futuro…
Prefiro então ser criança.
Prefiro sentir cada beijo como se fosse simultaneamente o primeiro e o ultimo.
Prefiro borboletear pelas ruas como quem brinca.
Falar de coisas que me passam na alma sem temer juízos.
E mesmo sabendo que provavelmente haverá amanhã.
Não me esquecer que o hoje nunca se repetirá.
E que nenhum encontro é igual ao outro!
E a dúvida.
A duvida que irrequieta a alma.
Aquela que nos faz pensar…
Será que fiz bem em dizer o que disse?
Será que fiz bem em fazer o que fiz?
Essa duvida!
Essa dúvida é para mim tempero.
Fazendo sua força na criação de expectativas mesmo não desejando as criar.
É essa dúvida tempero.
Que gosto de desfrutar o paladar.
E prefiro sem dúvida essa dúvida somada a sinceridade absoluta.
Do que o jogo do eu sei e finjo que não sei que tu sabes que eu sei.