Poemas, frases e mensagens de ...Cristina...

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de ...Cristina...

Na noite

 
Na noite
Guardo o escrever
Na noite
Guardo o silêncio nos lábios
Na noite
Falo às estrelas
Conto as nuvens
Fluem ondas
De meteoros
Adormeço com os astros

Na noite
Caiem granizos em petardos
Nesta certeza
Que os sonhos
Adormecem acordados
 
Na noite

Caixa de Sapatos

 
Acordei dentro de uma caixa de sapatos, os casulos eram nuvens cobertas com teias interligadas aos sonhos das borboletas.
Teci um novo vestido para me cobrir o corpo e voei em palavras de seda.
 
Caixa de Sapatos

Pavões

 
Qualquer homem ou mulher consegue ser pavão, mas nunca na vida um pavão consegue ser homem ou mulher, por isso gosto de contemplar os pavões que não são homens nem mulheres a pavonearem-se, eles embelezam com as cores singulares a natureza.
 
Pavões

Ainda

 
Já fui a sina
Já fui cigana
Já fui o céu
O luar
A rama
Já fui a parede
O sol
Até a cama
Ainda sou
Talvez a chama
Dalgum nome
Que alguém chama
 
Ainda

Arma

 
Não vejo nada à volta
Quando te sinto a ti
Se procuras os meus lúzios
Perco-me dentro de mim
Porque possuis o enredo
De me atrapalhar assim?
Já não sei onde estão as mãos
O coração bate o fim
Não sei porque me voa a alma
O que leste nela em ti?
Sempre calo...
Porque te calas?
Acusa-me…
Por gostar tando de ti…
A tua arma me fere
E tu sabes que é assim!?
Destroços de um cadáver
são os restos mortais de mim.
 
Arma

Anjo

 
Um dia vou acordar da morte
Vou ver tudo o que queria
No meio de tanta sorte
Vou sorrir para a hipocrisia
Não há sorte como a da morte
Nascendo em arpa de arcanjo
Não há morte como a da sorte
Perfeição das mãos d´um anjo

Flor de lírio, lírio de sorte
Branca como se quer
Roxa pregada à morte
 
Anjo

Brado

 
Não mereces o que te escrevo
Nem o meu lábio salgado
O que mereces são letras
Palavras do meu desagrado

Pois se o silêncio falasse
Era eu quem te diria
Que a tristeza daquela noite
São pássaros de nostalgia

E se a saudade matasse
Como matou nesse dia
Meu corpo era só brado
Gritando em agonia
 
Brado

Sei lá

 
Sei lá porque tantos vão
Em fila por outra estrada
Se tanto eu faço questão
De ficar aqui sentada.
Há quem faça que me veja
Há quem me veja sentada
O que importa a cereja
Se por ti for desejada…
Cansa-me quem se repete
Em sentimento e fachada
Por aqui sou repetente
Sorvo a poesia enganada
Gosto desta minha glória
Desta glória de ser nada
Ser tua é a minha história
Voo em alma apaixonada

Alguns me chamam poeta
Eu a eles não me dou
Sou apenas borboleta
Que na sua flor se finou.
 
Sei lá

Voz do Pensamento

 
Acredito que o pensamento
Tem voz
Que o egocentrismo condena
Quem dele fez elos e nós
Quem se comoveu nas sombras
Só viu o amor-próprio nos sons
Acredito, que só o amor tem evolução
Neste jogo de sofreguidão
Onde não há pião
Apenas Alma, dor e coração
 
Voz do Pensamento

Nós cegos

 
Andam cegos
nós tão cegos
Andam cegos
como nós
Se os nós
não fossem cegos
Assim cegos
como nós
Sós andavam
os nós cegos
Nós andávamos
sempre a sós
Sós sem sóis
Sóis sem nós
 
Nós cegos

Razões

 
Não sei.
Não sei o que me levou a ficar ali paralisada?
Parei. Parei mesmo ali imobilizada.
Nada me fazia mexer, estava incrédula
Não acreditava no que estava a ver à minha frente
São segundos que não se esquecem
Aqueles que nos deixam sem reacção
Essas
As razões
Deixam-me fora de mim
Sem ver nada

Aqui
Faço silêncio
Não as vou mencionar
Nem por nada.
 
Razões

Melodia

 
O vento sopra forte a sacudir as folhas nas árvores, dois serafins inquietos são os gomos que dançam como se fossem a imagem de uma criança em bicos dos pés no topo das suas sapatilhas cor de rosa. Oscilam por dento do olhar dois cisnes brancos.
A melodia das árvores é o silêncio que me aperta no peito numa dança inquieta que acorda as borboletas negras neste tango de amofinas sobre as coroas de mármore
Espero…
Acomodo-me em serenidade na utopia das estrelas
Estática no tempo, aguardo o renascer das cinzas…
 
Melodia

Vulto

 
Lua cheia
O mar prateado
As vagas do mar
Sonhavam o passado
Na areia deliam conchas
De seu rosto desenhado
A menina estava morta
Com o seu cabelo penteado
As flores faziam cruzes
Num pérola meio debotado
Ceras tremeluziam no trago
Enquanto as ondas batiam
Côncavos os pés esboçados
O vulto não tinha rosto
Enquanto deambulava na noite
Na fantasmagoria da água
Azulava no horizonte
Numa maré enlutado
 
Vulto

Janelas

 
São dois livros
Minhas janelas
Náufragas no seu remar
Cada uma tem um peixinho
Nadando no grande mar
Minha porta é só silêncio
Paisagem
Noite
e
Luar
Lagos s(em) brilho de estrelas
Que acordam à noite
A sonhar
 
Janelas

Sopro

 
Sopra o vento…
Fosco está o tempo
nas terras destruídas
O petróleo evaporou
para atear a torcida
Sopra o vento,
Searas sem nada
Tristes e esmorecidas
As mãos calejadas
ainda gretadas
das foices…partidas…
São as nuvens que passam
Que falam…
As histórias desprovidas,
“Memórias esquecidas”
Dos tempos passados
Das mulheres esguias
-O Ciclo do rio
Segue a sua vida!…
Longe do sublime
Da chegada prometida
Olhares distorcidos
Mistérios
Feridas
Guerreiros sem flores
Cantadeiras sem vida
 
Sopro

Espaço

 
O amor me adir
Está preso no meu sentir

Ele voa, porque é pássaro
Ele é flor no meu sorrir

Se o esqueço
Ou não sinto
Nesse espaço
Eu me minto

Falam os cataventos
Que é uma rosa-dos-ventos
Que volta sempre nos tempos
Porque nunca parte de mim
 
Espaço

Inimigos nunca

 
Amigos estranhos
Quem não tem?
Daqueles que nos fazem pensar
Ora são amigos
Ora passam distraídos sem nos cumprimentar.
Há o ir e o voltar
Estranhos
Esquisitos
Misteriosos
Enigmáticos
Inimigos nunca.
Não tenho nenhum tempo assim que lhes possa desperdiçar
Cada um tem o seu tempo para ocupar.
Estranhos?
Amigos?
Fazem-nos pensar.
 
Inimigos nunca

Coincidência

 
Ia tirar uma fotografia a uma máscara de oxigénio, faltou-me a respiração.
 
Coincidência

Noite Escura

 
Vem da noite escura o meu tédio
Nesta vida ainda haverá algum remédio?
Minha alma não utiliza o seu “ego”
Só não vê, quem na verdade já está cego

Pois o mundo se elogia à minha porta
Onde eu abro a janela sem revolta
Só é grande, aquele que tudo dedique
Entre os nabos e as nabiças sem despique

Venham os homens dos tambores a dançar
O bobo da corte a cortejar. Façam silêncio!
Raias damas com os seus seios a amamentar

Da noite já despida e amortalhada
Sigo os dias em boca mármore e lacrada
Onde a vida emana, criativa e emancipada
 
Noite Escura

Quem sabe?

 
Falta-me a imaginação
Para te dizer o quanto gosto de ti
Podia falar das flores que morreram
Das aves que não piam
Dos acordes do vento que partiram
Falta o ditame
A noite caiu sombria
O poema que escrevo não foi hoje
Talvez, quem sabe?
O poema um dia acorde e seja dia…
 
Quem sabe?

Christina Lumar