Equilíbrio
Intensidade é o desejo
De força e esperança.
No encontro de nostalgia,
Na viagem já me alcanças!
Córregos navegam para o mar.
E eu…
Despedidas entre as vindas e idas,
Vou agarrar suas mãos.
Entre meus braços, sorrisos.
Vou viver esse amor.
Entusiasta e leve.
Nade comigo até o horizonte sem fim!
Me alcanças do outro lado da margem desse mundo.
O amor sem limites.
Sem fronteiras.
Viva comigo.
Adoração
Um lugar comum de mãos dadas
E o sino toca para dizer-me bom dia
O afago nos cabelos
Um beijo macio e suave para acalmar
O laço de fita vermelha nos cabelos das meninas, filhas, que brincam no quintal
O fogo amarelado da lenha preparando a comida
O frio e o agasalho
Entre os sorrisos e abraços
O touro a me congelar a espinha e o medo
Um rato roendo as botas
Um gato correndo da toca
Um gesto, uma veste, despe?
O corpo nu suave alinhado a cama entregue O amor
Meu amor
Estou esperando com as malas prontas.
Diana Balis
Rio de Janeiro, 23 de novembro de 2014.
Noite sem luar
Sou uma trova de um soneto sem rima
E maldita num veludo escuro encorpado e aquecida.
Abasteço a fronte da pele que chora minguas entre as mágoas,
Nada vale a pena...
A vida me acolhe e visita,
O visível abalo da dor cálida se veste e despe.
Sinta o corpo ao vento, ar em movimento, freme, treme, congela,
Ajeita o resto de mim que despenteia a cabeceira
E perto da estante uns livros,
Vagos sentidos do existir.
Nessa noite serei sua página em branco.
Imprima seu sorriso e colha seus frutos.
Anote seus obstáculos,
Para na emersão do horizonte
Revelar a negra noite sem luar.
Rio de Janeiro, 25 de maio de 2011.
Volta revolta
Quero ser nós
Ataduras enroladas
Braços e destinos
Desatinos desmedidos.
O medo do incerto
O desejo de ir
Isca de vontades
Volto amordaçada.
Embrenhada expectativas
Vida de escrituras
Caneta de bico de pena.
Livre ao escrever
O ser volta
Da revolta.
Nuvem de Prata
Carrego comigo o solo
No cheiro de jasmim
O sereno apreço
É canto de passeio
E relva abatida.
Gorjeiam passos entre as margens e marés,
No alvorecer, remete cartas à alguém,
Distante e tão longe, que é perto.
A alma acalentada, cobiça seus beijos molhados.
O suor é de sedenta espera.
Por tantos anos escrevo
E você,
Como vai meu amor?
Diana Balis, escrevo cartas de amor a alguém que desconheço.
Neblina
Tem uma página em branco esperando por mim. Ela me condiciona ao vício de escrever. Porém os assuntos fogem das minhas tremulas mãos. Caem como folhas ao vento e inertes, entre as passagens dos caminhos por onde andei e percorri, uma floresta, uma cachoeira, um rio, uma pedra, um azul e uma partida. Quem me dera pudesse eu, apenas dizer sobre quem parte...Porém, nos lábios vermelhos e aguçados, só posso dizer de mim, e do que fui um dia, a mente que invente algo rompente e com o despropósito de sentimentos. Como se eu conseguisse, como se fosse fugir do vazio que drago na boca da noite, e adentrando a roxa, coxa, e negra dos cerrados sentimentos, cerro os olhos com uma tênue água que cabe no peito da solidão que neblina meu ser...Rio de Janeiro,11/09/13. Diana Balis.
Amor que passou
Consegui o inédito: emagreci dez quilos, o sonho de toda a mulher madura. Coloquei o short e no entardecer fui caminhar nas areias da praia de Ipanema com um novo namorado.
Amar, caminhar e olhar o pôr do sol em Ipanema é coisa para se viver ao menos um dia na vida. É mero esplendor da natureza. Preciso dizer que eu me sentia amada, porém, nem tanto assim. Mas quando o corpo muda, a vida também vislumbra um novo horizonte. Resolvemos caminhar na orla enquanto não anoitecia, e beber uma água de coco.
Tudo tão natural, senão fosse ele, aquele, o dito cujo Moreno, que resolveu sair do Leblon e ir passear de bicicleta em Ipanema, justo naquela hora mágica de minha vida. Quem diria que depois de chorar tanto e de tantos anos ao tentar esquecer, vejo ele ali, no momento mágico, e será que vai me reconhecer? Aparecer assim lindo, alto e Moreno, passeando de bicicleta, bem rente a mim, perpendicular ao meu eu, e eu olhando ele passar, Ele me viu!
Me reconheceu, e virou os olhinhos… Ai!
Meu coração bateu forte, dispara, as pernas tremem,
O corajoso, me achando livre, leve e solta, vira a bicicleta e vem em minha direção!
O mundo parou! Será! Aproxima e me dá dois beijos no rosto. Pergunta algo, talvez sobre a vida e eu, olho para o outro, que já está andando à frente… Ainda bem! (Meu mundo parou, o meu amor voltou!)
Acorda! Meu amor não! Uma ameaça, uma desgraça que fez meu tempo parar e minha vida virar pura solidão eterna. Agora, justo agora, ele dá um retorno e volta, me beija… Interessante…
Percebo que o homem, ex, quando você se planeja para ter outro amor, é como uma jogada, sempre aparece! Justo naquela hora mágica. Como para dizer, estou aqui! Estragar o dia lindo e romântico.
Ele é maravilhoso! Passou…
Foi-se…
Ufa!
Lá estava eu, no silêncio de meus mais profundos recôncavos, guardando o segredo.
Discreto e sensível, meu futuro ao meu lado, nada perguntou…
Seguimos andando até o Arpoador.
O amor passou.
Fui ao além, acha-me.
A corrente imaginária é fria e árida, o tempo percorre as raízes do espaço ínfimo, entre tronco e folhagens.
A imagem da paisagem é espera...fui ao além em busca de mim para achar-te.
E devorada as plantas como nutrientes das expectativas, a vida fez-se de um encontro.
O amor reina entre as bromélias e um tronco de árvore partido.
A vida invade a manhã por trás da colina.
E onde o sol se abre, é aí sim que abraço o tempo sem medo de ser apenas plâncton.
As correntes são marinhas.
O sol forte adorado, bate no mar ao acalentar as montanhas entre o lago azul e a espera de amores.
O suave vento que balança as folhagens, vem sem temor resgatar o fundo do poço das águas mais límpidas.
E lodo é sinal de vida num fundo imaginário.
É como um lindo lago azul que colore a passagem, o caminho é seco e tenho esperança.
Quimera o momento de encontros, não haverá mais?
Como posso refletir num deserto árido sem água?
Como planejar um futuro sem ser de mim a sua presença?
Como posso deixar de amar-me?
Não sei mais em que ambiente cercam as folhagens entre as raízes. E não quero ser a terra rachada.
Vivo a sobrevida do encontro com a luz.
E adormeço seus sonhos em noite caladas.
E na imaginação do ardor, o calor do amor, abre-se a manhã de luz.
Aninha-se em meu colo solitário e quieto, sem expectativas, apenas respira e sente a vida, abrem-se as pétalas da flor.
Quarto fechado (poemas em série) Homenagem ao pintor Edward Hopper.
I
Esquecida no quarto
Guardo um retrato
Amarelado de um jardim
II
Flores secas
serão as janelas
Abertas por mim.
III
Aquecida no quarto
O sol tranquilo invade o dia
Coleciono barcos
E vivo maresias
IV
Antes nada
Agora nada
Amanhã
Deixarei de navegar.
V
O quarto isolado
É o mundo inteiro
O sol estende cortinas
E habita o humor.
VI
Um monte de roupas
A cadeira vazia
Na velha penteadeira
Habito pária
Segue uma bagunçada.
VII
Fantoches desfilam na cama
Cantam e dançam
Na memória perdida
Um jacaré malandro
Perdeu-se no armário.
VIII
Vivo deitada
Lagarta poeta
Espero as asas
Que me façam refletir.
IX
Rede enrolada
Gancho de chapeús
O Brasil
Brinca de roda comigo.
X
No grande labirinto
Sinto
Armadilhas do espírito
Livre
XI
A cigarra canta
e morre.
XII
A Cidade não será mais a mesma sem a poesia
Os homens com câncer casados, deitam-se
Querendo ser só o sexo no anexo
Sem sentimentos,
É tudo complexo.
XIII
A chuva de palavras
É retórica
Preciso abrir as portas
Ao sair
XIV
Ao fotografar toda à bagunça
Revelar os segredos
Entre as palavras
O sombrio é obscuro
A alma segue isenta de culpa.
XV
Uma cadeira revolta-se contra à bagunça
Descansada, arruma-se e segue adiante,
Vive uma personagem.
XVI
Abalem o espírito que escreve
Limpos e sujos os gestos
O que fazer?
XVII
Livros iluminados insistem em ser relidos
Vou dar um pontapé no jardim
E abrir todas as janelas.
XVIII
O sol é verde mangueira
O fruto do olhar canta
Pássaros porfiam e convidam
Como arde esse sol
XIX
No avantajar do mundo
Esconde-se o solitário quarto
No prazer de ler.
XX
Cheia de celulites
à mulher,
Foi amada um dia.
FIM.
Rio de Janeiro, 24 de agosto de 2014. Diana Balis.Homenagem à Edward Hopper e pinturas de solidão.
Brotar no sonho
O sol aquece a alma desprezada
Na verdade calada do dia
O subúrbio murmura alagamentos
Tempo que arde nas saudades do amor
Vagueia amarrado aos pés envoltos nos plásticos
O aeroporto está chamando por mim
Atenção paixão onde mina a alma
O brilhante ardor da vida aguarda
No tempo da espera para dizer sim
E agora que já vai partir
Espera por mim
Fui abraçá-lo
E nunca saberá
Infelizmente
O avião partiu comigo,
Sem você.