Por quê o divórcio?
Por quê se divorciam os casais?
Ao altar subiram de braços dados,
Aos olhos de Deus juraram amarem-se,
Será que o amor é mortal?
Se mortal for, o que será da paixão
Compartilhada nos momentos felizes?
Choram corações no raiar do silêncio,
E no mutismo da verdade sangram almas
Na hora de anunciar a morte discutida,
Olhos fingem não ver o passado
Nem o presente assombrado
No olhar desalentado das crianças
Família desfeita, almas perdidas
Filhos dispersos, futuro incerto,
Nos corações desfeitos sepulta-se o amor
Longe do altar que os unira na paz e alegria
Adelino Gomes-nhaca
Sou apenas dono das minhas emoções
Por aqui vim expor minha dor d’alma,
Não sou poeta nem romancista,
Sou apenas dono das minhas emoções,
Que partilho de coração pra corações
Não sou mentor das sofridas dores,
Nem professor das discórdias
Que nasce e morre precoce,
Sou apenas um amante da poesia
Não sou fazedor das dissonâncias,
Nem árbitro das desavenças,
Sou apenas um apaixonado das concórdias
Mil vezes precisas no meu cantinho de lágrimas
Não sou juiz nem advogado do teu ideal,
Sou apenas admirador do teu mundo emotivo,
Habitado pelas emoções que brotam da tu’alma,
Dispensadas do banco de réu da comarca
Não sou guardião nem bibliotecário da tua poesia,
Sou apenas teu amigo no luzir da verdade,
Que ao ver-te partir, “faço da tripa o coração”
E nada mais acalma minha dor
Adelino Gomes
O nosso amor quinhoado
Minha inseparável companheira,
És dona dos meu sonhos,
Olhos dos meus olhos,
És minha escolhida hospedeira
Eu sou… jardineiro do teu coração,
Cultivador indomável da paixão
Que na tua alma, cintila de amor,
Vindo do céu nas asas do condor
Eu sou tua sede
E tu és minha fonte de águas cristalinas,
Beberei de ti, o suco que me concedes
Nas manhãs e noites de namoro
Nos prados ou no morro
Da felicidade do nosso amor quinhoado
Adelino Gomes-nhaca
Mãos cálidas e cheias do nada
Ando fungando sem tempo,
Tempo que não soube ganhar
Quando tive todo o tempo
Nas mãos cheias do nada fazer.
Enquanto tempo se desfazia
Como bolinhas de sabão,
Nas minhas mãos cheias do nada fazer,
Sorriam forças que o tempo levou.
Hoje, curvado na bengala do tempo,
Deambulo atrás do tempo
Pelas ruas destemperadas do tempo,
Que não quis aproveitar no tempo.
De mãos estendidas nas curvas do tempo,
Tento remediar o passado escorregadio
Com o vazio das minhas mãos
Cálidas e cheias do nada,
Por nada fazer enquanto havia tempo.
Adelino Gomes-nhaca
Vá em paz poeta Aquazulis
Domador de almas,
Tão cedo partiste,
Partiste sem despedir-se
Do Alentejo adormecido
Que te encantava e inspirava,
Na hora de fazer das palavras
O alimento da alma,
Que só tu sabias confecionar
No silêncio das madrugadas
Do Alentejo que te chora.
Partiste pra o azul dos céus
com o qual nos prendavas
Nos teus encantos poéticos.
Partiste, poeta aquazulis
Mas o teu legado não terá fim
No azul dos nossos corações.
Vá em paz, domador de corações
Que Deus o tenha entre os arcanjos.
Adelino Gomes-nhaca
Beijos sem carroço
Um beijo sem caroço,
É um beijo dado com alma
Um beijo de quem ama,
Um beijo lotado de afável apreço
Beijar assim,
Inunda coração da pessoa amada
Com gotículas de paixão refinada,
Com valores do querer, taxado dos desejos sem fim
Cada beijo dado, é fruto do querer
Brotado d’alma,
Sem ardor, deixa corpos em flama
E, nas coisas do amor... não há nada a temer
Cada beijo suado,
É um beijo molhado de amor,
Que se desprende d’alma com todo o vigor
Pra aquecer o coração do ente amado
Beijar não se aprende
Nem tem fronteira,
Beijar, é entrega total ao parceiro ou parceira
Nas noites de luar, que nos surpreende com sua magia
Beijos, sussurros e gemidos,
Denotam o auge do querer dos enamorados,
Suavizam o escorregar dos lábios nos beijos compartilhados,
Refletidos nos corpos enlaçados e suados dos amantes embeiçados
Adelino Gomes-nhaca
...Ser poeta
Poeta não escreve,
Pinta a verdade.
Poeta não declama poesia,
Chora na poesia.
Poeta não ama,
É fonte do amor.
Poeta não é fingidor,
É tenor da razão
No desatinar da verdade.
Poeta não é dono da escrita,
Da escrita extrai a paz
Versada de felicidade.
Adelino Gomes-nhaca
Junta-te ao reino da luz
Plebeu chora de coração vasto,
Poeta de alma sensível chora,
E na balança, partilham honra
Que separas com teu instinto insólito.
São indivisíveis águas do rio,
No mesmo leito depositam lágrimas
Jorradas pelos corações em lástima
À indiferença do teu mundo sombrio.
Saia das trevas
E junta-te ao reino da luz
Que detesta tua separação de favas.
A jurisdição não se constitui com inverdades
Nem de radares da tua magistratura
Que corrompe o barómetro da verdade.
Adelino Gomes-nhaca
Se a primavera fosse feita pra amar
Se as estrelas fossem rosas do jardim,
Acolheria uma pra encantar tardes de paixão
Na primavera ausente de capim,
Que dos rebentos não teria compaixão
Se à lua pudesse falar
Pedi-la-ia que perpetuasse amor
Na primavera lunar
Livre das sequelas do terror
Se a lua falasse ao sol
Dos segredos primaveris,
Nenhuma paixão ficaria por desvendar
Se a primavera fosse feita pra amar,
Morreria desencantada
Pelos encantos dos beijos à beira-mar
Adelino Gomes-nhaca
Nas curvas do tempo vencido
Nas minhas costas curvas
Não levo rancor nem ódio,
Levo amor vivido
Que guardo e com todos divido
Nas curvas do tempo vencido
Adelino Gomes-nhaca