Não julgues uma estrela… pela distância dos seus dedos ou inercia dos seus raios…
mesmo escondida
nos arbustos
do céu
eu te amo
diante
do nublado dos teus olhos
mesmo no outro lado
da noite
apresso os raios
para te acordar
com a luz dos meus braços
mesmo ausente
na tristeza
cerrada
do teu rosto
sei que a minha chegada
destrancará
teus doces lábios
Deus te deu um íntimo carregado de amor …seria um pecado tranca-lo no peito
és mais que um aglomerado de sonhos quebrados,
revestindo silêncios puídos …
és o sentimento concentrado de amor
que dá para cobrir todos os mares
com um simples abraço
amo-te doce anjo
não se deixa morrer
um amor
com o cordão sentimental
ainda enlaçado no peito
por ti…por mim…
rema, nada, abraça a água …
e vem atracar
na areia quente do meu ser
não tenhas medo ...
mesmo que o farol do sonho se apague
mesmo que as estrelas se esqueçam de brilhar
e olhos fiquem presos na saudade
vem! eu vou te amar sem o amor-dos-homens
foste demasiado num período sem nada... e acabaste por ser nada também
por vezes,
calamos as palavras
audíveis cá fora
mas cá dentro,
jamais podemos calar o coração …
ele grita com a saudade tão alta
e o timbre de uma lágrima
tão sóbria …
resta-nos o afeto
de um futuro adiado ...
de um passado
difícil de ser presente
diante dos nossos passos
resta-nos o sonho
e o amor
contrariado
pelo caminho
escolhido
fica a vontade
convertida em saudade
de te amar
até à infinidade
Se o amor não chegar tens aqui as sementes da amizade prontas a regar
cuida do sonho
com as mãos soltas
e um sorriso na boca
espera que ele cresça
no coração
antes de ser certeza
no meio do nosso peito
despido de roupa e de medos
até lá
vamos a aproveitar para passear onde nunca passeámos
viver o que nunca vivemos
sentir o que nunca sentimos
- Já agora, queres ir à praia dos olhos de água? Vem?! … A lua está baixa e o mar tímido, as rochas submersas estão agora olhando as estrelas, esperando pela nossa presença …
Que a solidão não cale a foz do nosso estuário
desertos …
à beira-mar …
à beira-rio …
sofrem
a mesma solidão
dos sonhos
escorridos
e dos íntimos
descidos
mas
um dia
o mar irá temperar
a saudade de um rosto rio
e o rio
irá adocicar o olhar
desse marear
no entanto
o que hoje sobeja
talvez seja
o pesado sal
na encosta de um olhar
e as lágrimas…
desejando
serem leves
num braço de água
Quantos sorrisos serão precisos para compor o teu olhar?
teu olhar
não cabe
nesta paisagem
de aguarelas atrasadas
nem mesmo no quadro
pintado por um pintor dotado
com mãos de Cinderela
teu olhar
é um lago …
reflete um mundo magico
que reaprendemos a gostar
através do seu brilho
lacrimejado
um olhar... desturvando o sal da nossa retina
suja de incertezas
repondo a beleza que nos faltava
Um amor por brotar… merece ser flor no meio do nosso peito
as braçadas contra à maré
trazem-nos ao lugar de sempre...
…a este firmamento de palavras cadentes
e aqui estamos …
vertendo o sonho, pelas raízes do corpo
querendo
muito
um o outro
e já passou tanto tempo
tempo suficiente para nos esquecermos...
...mas ainda temos o perfume da pele, entre os dedos
...mas ainda sentimos, os corações tão próximos
...mas ainda lembramos, com a doçura dos olhos… os olhos …
A montanha do amor tem trajetos de dor
fio de som
entre uma ferida em lágrima
e a calma intocável
de quem sabe que o amor é assim…
... uma estrada fechada sem sinais nem marcas …
mesmo assim
existe uma esperança difícil de explicar
que nos faz avançar
pelo trilho proibido
que nos leva
ao cume e ao precipício
mais perto
do azul claro
e do brilho das almas
meu corvo-marinho-de-faces-brancas
conheci
as asas da tua alma
acorrentadas
à perfeição de um sonho …
me apaixonei pela doçura do teu ser
querendo-te libertar
voar ao teu lado
multiplicar os sorrisos no teu lindo rosto
sabendo que não seria o sonho que sempre desejaste …
afinal
meus braços foram sempre toscos
para abraçar o vento e te acompanhar…
afinal
eu te amo sem saber se me podes amar
afinal
vejo o quanto és especial
que fica difícil de acreditar
que um dia
poderíamos galgar os azuis
juntos
e aninhar …
sabias … que os corvos-marinhos conseguem ouvir debaixo de água?
talvez por isso reconheceste o amor nas lágrimas
nas chuvas de dor …