ÁGUA MARINHA
Vejo-te ir, sentindo-te pulsar no meu peito,
e sem jeito; expiro-te e respiro-te, mar...
Aninhas-te junto a mim no marulhar das ondas
ainda bem calmas, acalma-me o pranto e a alma.
Ausência prévia de ti é ausência de sopro, de ar, de ar...
Dói-me tanto, e este velho coração que não mais marinha.
O vento frio soprou mais forte e insistente hoje,
sibilando qual uma canção dolente, apagando da areia
teu nome; como se despedindo de ti por mim...
Afastei-me abruto antes que a alta maré te levasse.
Nos olhares marejados d’água azulada; silêncios.
Restou, lembrar-me do teu olhar de despedida.
CANTO QUANDO FALO DE VOCÊ
Título:CANTO QUANDO FALO DE VOCÊ
MPB - Samba canção
Autor: Letra/Melodia/Voz - ZéSilveira
Violão: Maestro Jobab Silva
Já cantaram
que as rosas não falam.
E que elas perfumam também.
E falaram que são amorosas.
Mas que espinhos, todas elas tem.
Acontece
que eu tenho um amor.
Bem guardado
aqui dentro do peito.
É uma rosa e tão especial,
flor de amor sem defeitos.
Seus espinhos
Arranham o meu ser.
Mas com jeito
para não machucar.
Só poesias,
carícias de amor,
faz meu corpo gritar...
(Da sua boca,
os beijos, molhados.
E na cama,
Jogos sensuais...
Com você
meu amor.
Não tem jeito,
o deleite é demais!...)
Projeto Autoral:
Por Aí, Aqui e Ali... Samba&Poesia
Registro Poético Musical em CD
FAÇO POESIA POR NÃO PODER DIZER QUE TE AMO
Meu coração grita você.
Ame-a. Por favor. Clemência!
Anuncie o nome desse amor,
depois de apor as reticências.
Peço-te. Grite, pois eu não posso,
é um senão, não é demência.
Por isso guardo aqui no meu peito
todo esse sabor, de te amar.
Perdoe se o poeta é brejeiro,
e que sorrateiramente flerta,
fazendo-se por vezes de menino,
para que você não o esqueça.
Quisera que o ontem fosse agora,
que o tempo não tivesse hora
para o tanto que temos a dizer.
Segundo, passa a ser demora.
Não, não posso dizer que te amo
como grita o meu coração.
Por isso faço de você poesia
no clamor dessa minha paixão.
DECRÉPITO
todas as sextas feiras vestia branco;
branco imaculado, até as meias.
Alvo dos olhares dos que ao largo
passavam e não entendiam.
Apenas um velho que lá ficava, inerte,
insólita figura, sentado inadvertidamente
à beira mar; de pernas cruzadas em padmasana.
Brancura nos cabelos encaracolados
sacudidos ao sabor do vento.
Branco algodão como as espumas
chegadas nas cristas brandas das ondas;
marolas que lambiam, e lambiam,
sonolentamente a fina areia.
Havia um emaranhado de pensamentos
que o fazia sorrir insistentemente,
até ao inexistente hilário;
cantava e gargalhava de braços erguidos
saudando os céus, e inclinando-se,
reverenciando o mar.
Seu corpo era pluma, alma, parecia levitar.
Com as mãos em concha areava o rosto
parecendo oferecer-se ao imaginário...
A densa neblina treva não o impedia
de sorrir; sorria, sorria, e agradecia...
Bom dia meu dia! Bom dia!,
com aquele olhar disperso como se nada via.
Era sábio; sabia manipular os sonhos...
O tempo o ensinara não precisar ver.
Sentia pelo som quando era poesia,
ou era mar com a mesma e velha cantoria.
POETEIRO
.
.
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Ser errante e seus fardos,
abarrotados de mil temas,
sombras de enes palavras,
raros intermináveis dilemas...
Tendo a pena em sua mão,
vendo a lua flertar com o astro,
ou o riscar do invejoso cometa;
descerra logo o poema na canção...
A mente, num voar inconsequente,
transpassa o viajante, aloucado,
para além, bem além do inconsciente;
ou d'algum olhar mais indiferente...
Deixa-se levar nesse sequestro,
quais os poetas `madrugueiros`,
de deambulares tão corriqueiros;
sempre só num partir e num voltar,
sem decidir se se avizinha pra ficar...
É boêmio, é compulso, é confesso;
mas mente que no ostracismo está...
Está nas ruas calçadas de pedras,
nas esquinas notívagas, sombrias,
perfumadas de amor e (a)amar...
Arguido faz-se poeta no momento,
diz franco dos ébrios fragmentos;
de fumaça, bebidas, do ar escasso,
no mármore frio d'uma mesa de bar...
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SÃO ÁGUAS APENAS...
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o ‘olho d'água’ cessara, mas,
ainda chovia feito escumilha
em rajadas frias e constantes.
gotas imaculadas enxaguavam
os musgos das telhas de mão,
escorriam pouco ruidosas
pelas velhas calhas acobreadas,
caindo em golfadas, espalhando-se
sonolentas pela alameda e jardins
do antigo casario hospedagem.
deixei o olhar no correr das águas...
aprendera, analgésico natural
pra enganar a dor previsível,
manifestada, pelos espasmos
ao assistir de longe uns restos
de palavras sujas soltas no ar,
valorada talvez aos que as usavam...
absorto, tenso, rabiscara no papel
algumas letras sem nexo, dispersas;
era o mesmo que num papel vazio,
desgraçadamente desvalorizado...
veio-me então uma sensação
estranha, de sentir as mãos sujas,
demoníacas, deformando versos...
e num vórtice sem fim vi a poesia
sendo arrastada, tragada,
violentada bem ao lado de mim...
saio da escrivaninha atormentado;
circunspecto, triste semblante.
debruço-me meio corpo pra fora
do parapeito da janela, quase em
pêndulo, e ainda deu para eu ver
beirando a linha das telhas úmidas
a lua esconder–se envergonhada;
as estrelas, opacas, dependuradas
no final da linha do varal do céu...
o poema, cabisbaixo me acompanhara
e ao meu lado, próximo à janela; chorava...
SAUDADES (Letra/Vídeo)
Título: SAUDADES
MPB – Canção
Letra/Arranjo violão/Voz: ZéSilveira
https://www.youtube.com/watch?v=MGZwHAgGIkE
Autor: Décio Rocha - Música original instrumental: "Saudades "
4a faixa do CD autoral: "Quando estou dormindo nem sempre sei por onde ando" https://youtu.be/_vpmvzFiI5c
Todas as manhãs, brilhas
És o meu alvorecer
Linda e perfumada
Vivo, por você...
Revivi por você, então
Eu, fiz esta canção
Do meu coração, sei porque...
É o amor – por você...
Linda... Linda...
Flor linda, tão linda...
Nunca, vou te esquecer
Corro pra te ver, ver sorrir...
No jardim...
Do céu azul...
CANTO SOLITÁRIO
Entre o brilho das bordas
dos castelos prateados,
onde brancas nuvens dançam
pousadas nas negras
pedras da montanha
de sopé com cerração.
Meus olhos viram.
Raios fantasmagóricos
rasgando o céu,
rompendo em esplendores
dourados de sol inda
morno e sonolento...
`hoje choveu de manhã`
A mata alta ainda dormitava,
havia o verde na penumbra.
Iniciado o chilrear da passarada,
destaque o canto do bem-te-vi.
Sempre ele, o bem-te-vi.
Bem-te-vi... Bem-te-vi...
E o sol deslizou manhoso.
Na mata breu, o verde nasceu,
verde molhado porque choveu.
Choveu, molhou, inda assim coloriu.
Coloriu depois que amanheceu.
Sorriso de pouco tempo...então;
O sol cresceu, o sol ferveu,
secando o verde da mata, queimou.
Morreu, e a passarada morreu,
morreu toda a passarada
na terra que não mais choveu.
Sofri, sofri, quanto sofri!
Pois a seca não cedeu.
Só mais longe é que choveu,
voltou o verde da mata breu
Não voltou a passarada,
mas um canto me fez sorrir,
só meu.
Ele voltou, não morreu.
Não morreu o Bem-te-vi.
Bem-te-vi... Bem-te-vi...Bem-te-vi...
CAÇADOR DE BORBOLETAS (Letra/Vídeo)
Título: CAÇADOR DE BORBOLETAS
MPB - Canção
Autor: Letra/Melodia/Voz/Violão - ZéSilveira
(inspirado numa obra da poeta HelenDeRose)
https://www.youtube.com/watch?v=Cwh2FaNHBxk
Eu entrei, no portal dos teus olhos,
são jardins encantados
Inda lembro, sua alma sorrindo,
teu coração a pulsar
Caçador, que sou de borboletas,
a correr pelos campos...carmesins
Colorindo, a poesia que sinto...em mim
Nas paineiras, os frutos eclodem,
revoam em nuvens de algodão
Bem fazendo, um bailado singelo,
que faze sorrir, meu coração
No instante, sou aquele menino, com olhar fantasia
Verdes eras, na cor da quimera...entrelaçando alegrias
Se sozinho, nas noites estreladas, canto uma canção de amor
Teu chorar, é igual melodia, saudade de mim...despedida sem dor
Vislumbrei, borboletas azuis, voando do céu, ao meu coração
Onde mora, minh'alma esquecida, do seu beijo emoção
-
No instante, sou aquele menino, com olhar fantasia
Verdes eras, na cor da quimera, entrelaçando alegrias
Caçador, que sou de borboletas,
a correr pelos campos...carmesins
Colorindo, a poesia que sinto...em mim
AMPULHETA
.
.
.
Advindo do infinito
o eco das palavras...
Do seu tempo,
o Homem artífice
no seu próprio tempo,
é mago e magia,
pênsil num receptáculo
perpassando em fina areia...
Heranças de vida...
Epígono ser,
ungido pelos astros,
pelas mãos dos mestres...
Obediente,
verga a cabeça
em reverência,
doa-se brune...
Lição de amor
após “ser”
que cada qual
feliz é no esvair
do seu afunilado
tempo; precipitado
ao fundo da
gota cristal...
Dita o destino,
marca o tempo,
inverte e reinicia...
Anoso episódio
manipulado.