Poemas, frases e mensagens de ZeSilveiraDoBrasil

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de ZeSilveiraDoBrasil

"O escritor com sua obra tanto pode ascender num salto, como de degrau em degrau. As duas formas concedem a ele o mesmo prazer, mor. O de ter escrito".

CONVERSANDO COM A LUA (Letra/Vídeo)

 
 
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Título: CONVERSANDO COM A LUA
MPB: Samba
Autor/Voz/Violão: ZéSilveira
https://youtu.be/jZ90Egt_vug

Lua cheia, clareia meu samba
pra que eu fique bamba, e ensine o que sambar...
Lua cheia, teu brilho se entremeia,
entre os grãos de areia, refletindo o luar;
Lua cheia... Me clareia...
Estou cantando sério, isso não é mistério,
ninguém pode duvidar...
Eu sei que é você que clareia o namoro da gente,
provoca o poeta a cantar diferente,
amantes se encontram e se põem a beijar, e mais...
Está mais do que provado cientificamente,
você mexe e remexe a cabeça da gente,
acalma e agita as ondas do mar, e faz maré...
Então que me prove o contrário o cantar desses versos,
que juro por Deus nunca mais eu te peço,
de você existir, e me enluarar;
Lua cheia...
Me clareia...
Lua cheia...

Resenha:
https://m.facebook.com/story.php?story ... 322645796&mibextid=Nif5oz
 
CONVERSANDO COM A LUA (Letra/Vídeo)

PONTO FIXO

 
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Desde muitos anos vou e volto pela mesma avenida, trajeto obrigatório; de casa para o trabalho, do trabalho para casa.
O comércio que frequento fica do lado oposto, depois da praça.
Diariamente, antes de eu dobrar a rua transversal, na esquina em frente à praça; estática como se fosse uma pintura em tela viva, lá estava ela, sentadinha numa pequena caixa de pinus, destas que acondicionam e transportam frutas.
Ela era só uma menina, uma criança, com cerca de seis, sete anos, não mais. Nas mãos, outra caixa, esta de papelão cheia de balas, guloseima exposta à venda que ela oferecia a quem passasse por ali. Fazia isto somente com um olhar. Olhar cabisbaixo, lacrimoso, eu nem precisava fitar muito para sentir que ela era infeliz. As cores das guloseimas eram muito mais coloridas do que seu velho vestidinho, manequim tamanho maior do que o seu corpinho, talvez ganhado em doação de outra criança maior em tamanho e posses. Eu parava ali todos os dias, nossos olhares cruzavam, ela nada dizia, eu nada perguntava, pensávamos que éramos mudos. Pegava algumas balas e pagava com moedas num valor muito superior que o custo, e seguia o meu caminho. Não era esmola, pensava estar fazendo o meu papel, ajudar, isto é: comprando o que ela vendia, sem me preocupar quem era.
O meu olhar acostumou-se àquele quadro.
O tempo passou. Passou tão rapidamente como passa a areia entre os dedos, e na mesma velocidade, deve ter exaurido a vontade dela em vender balas. Um pouco mais, um véu criou-se entre a imagem e meus olhos. Também não era mais obrigatório eu passar por aquela avenida, mas por contumácia ou força do hábito que tivesse, mas persistia. Numa determinada tarde, meu olhar envelhecido ou viciado, nem percebeu que aquela menina, passara de casulo para libélula, ela já era uma mulher e eu nem notei. Desperto por essa metamorfose... Cumprimentei-a. Estática na mesma esquina ela permanecia. Sua resposta surpreendeu-me:
- Está a fim de um programa tio?
Lamentei não ter feito mais por ela antes.

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PONTO FIXO

EXTREMO

 
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tantas vezes

isto foi dito:

'sorrisos e sonhos

não envelhecem'.

mas envelheço eu

a cada sonho, e,

quando penso

nessa verdade;

pela fresta

dos meus lábios

foge lívido

um resto impreciso

do que não mais

tenho sonhado,

do que não mais

tenho sorrido...

'do que foi bom

ter vivido'

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EXTREMO

AMOR TURBILHÃO

 
 
Título - AMOR TURBILHÃO
MPB - Canção
Autor - Letra/Melodia/Voz/Violão: ZéSilveira
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Após deambular, na madrugada vã,
só queria dormir, abraçado à amanhã...
Com o sabor do batom, deixado no afã,
do seu beijo de cor, pura brisa e romã...
Mas o travo sabor, bebido na rua,
o delírio impõe, e ninguém me atura...
Desnudei-a com o olhar, numa lembrança nua,
mas ela só fingiu, como que finge a lua...
Um amor turbilhão, com quentura de sol,
e olhar de arrebol, qual lava de vulcão...
É assim que a quero, quando for sonhar...
É assim que a quero, se te amar de manhã.
 
AMOR TURBILHÃO

BOLA CINCO; CAÇAPA DO MEIO...

 
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Em pé na calçada, e espremido numa multidão de marmanjos engravatados e de discretos tailleurs e uniformes das secretárias e funcionárias; moças lindas, perfumadas, esguias e alongadas pelos saltos scarpin verniz. Naquele momento quase todos tinham a mesma intenção; à volta ao lar, menos eu, mas isso não vem ao caso, o que importava é que aguardávamos pacientemente o sinal verde do semáforo. Inda mais agora, que os técnicos da engenharia de tráfego instalaram em caráter experimental os tais counters junto às sinalizações verticais, se tem o tempo cronometrado apenas de sessenta segundos para se atravessar pela faixa de pedestres as quatro pistas largas da avenida, ela que é a principal via que rasga o centro comercial da cidade ligando as zonas norte, oeste e sul, terminando no lado mais leste, na litorânea; a outra que serpenteia o lado norte da baía percorrendo-a desde o cais na zona portuária até as praias ao sul e oeste da cidade, e depois permitindo a interligação com todos os municípios.
Diariamente neste horário de rush as vias centrais são mesmo movimentadíssimas, normalmente o trânsito fica apressado, nervoso, e o excesso de sinalização acaba por embaralhar mais ainda. Já não sei se; se ganha ou se perde com tanta modernidade posta nesses monitoramentos, sinto que tecnologia está cada vez mais a serviço da cidade, com os gráficos estatísticos de fluxo de trânsito do que com o bem estar dos citadinos. A cidade é esse organismo vivo que não pode parar, e por isso tratado tudo e todos linearmente num gráfico. Acredito até que a preocupação com os indivíduos seja insignificante, no entanto; somos as células, o principal organismo vivo, que faz a cidade viva.
Noutra ocasião, no mesmo local, estive reparando que o tempo de travessia para uma pessoa andando a passos de normais a ligeiros, é ínfimo para se fazer todo o trajeto num só golpe, impossível de ser completado no tempo estipulado, por isso; inábil a idosos, cadeirantes, gessados, e deficientes visuais. Vi que os obrigavam a ficar esperando um novo tempo na faixa central entre as pistas para poderem completar a travessia sem o risco de serem atropelados pelos afoitos motoristas.
A educação do trânsito aqui é péssima, e as autoridades não tomam medidas coercivas sérias para coibir os abusos praticados pelos condutores, ‘os maustoristas(sic)’ de toda a sorte de veículos, cujas imprudências aleijam e ou ceifam vidas inocentes. Infratores contumazes pela falta de uma lei severa sabem que ficam impunes de condenação, ou quando muito; punidos com multas de valores tão ridículos que praticamente incentiva-os a outro delito grave, ao invés de respeitarem.
Faltavam quinze segundos, quando meu olhar advertido pelo sentido de percepção flash das coisas do cotidiano, me chamou à atenção para o outro lado da calçada. Um homem saltara do taxi, e caminhava, quando de repente cambaleou, caindo entre uma grande lata de lixo, sacos com restos de comida postos fora pelos restaurantes, e o poste de iluminação na esquina duma pequena ruela com quiosque de flores no meio e que bifurcava na via principal cuja iluminação já era precária, devido uma lâmpada apagada. Alguém mal intencionado havia quebrado-a tornando o lugar por natureza deserto, mais ermo ainda do que de costume. Foi quando vi dois vultos aproximarem-se, e revirava os bolsos do homem que parecia não mais agonizar. Sorte que apareceu repentinamente uma viatura policial, flagrando-os e prendendo-os. Simultaneamente, chega outro socorro, a ambulância com paramédicos. Mais não deu para ver, pois o fluxo de veículo aumentara a frente por causa do congestionamento.
Como sempre, o centro da cidade esvazia-se rapidamente poucas horas após o término do expediente comercial; bancos, lojas e escritórios. Rapidamente as filas de passageiros nos terminais dos ônibus vão diminuindo, e outras no plano horizontal vão se formando nas calçadas, de gentes de rua, fétidas, e seus panos velhos sujos enrolados pelo corpo, roupas surradas, trapos de cobertores baratos. De destinos ignorados uma grande população de rua aparece como saídos de tocas, como ratos. Chegam parecendo formigas gigantes carregando folhas nas costas, eles, pedaços de caixas de papelão e outras tralhas, êxodo de um amontoado de velhos e jovens; homens, mulheres e crianças que vão se espalhando pelo chão, território demarcado, perigoso, quase sagrado, e que é disputado às vezes com a morte de um invasor.
Estão em toda a parte, nas praças, debaixo das passarelas de pedestres, viadutos, preferencialmente no centro, mas já começam tomar de assalto os bairros circunvizinhos ao centro da cidade, e é caso sabido das autoridades que fazem ’vistas grossas’. É um processo de descaso e permissividade irritante e nojenta, nada fazem os agentes do serviço social, no mínimo recolhê-los, encaminhá-los a instituições de apoio e reabilitação e desintoxicação de álcool e drogas, mas não; deixam proliferarem nesses guetos de asfalto, mendigos, drogados e prostitutas decadentes que optaram viver em grupos para se protegerem do frio, da noite e de uma infinidade de maus tratos que sofrem dos vândalos noturnos. Por isso é que cada vez mais se instalam em lugares mais movimentados, debaixo das marquises, nos bancos de espera; lugares que fazem de camas, alcovas e lares, os cantos das paredes dos prédios e canteiros; fazem de banheiros. São locais que fedem a urina e fezes, o cheiro é nauseabundo até para quem passa ao largo ou do outro lado da rua.
Voltei o olhar o homem caído. Ao sinal verde, caminhei ligeiro para o local onde ele estava, e mesmo impedido ante a fita de isolamento, deu para eu notar que ainda estava lá, e apesar de estar debruço, talvez do mesmo jeito que havia caído, dava para ver que era um idoso, aparência de bem cuidado, cor parda, cerca de setenta anos, vestindo terno e paletó cinza claro, sapatos pretos, meias brancas, ao seu lado uma pasta de couro cru que o policial abrira e olhava alguns documentos. Pegou-os e caminhou na minha direção, onde estava mais iluminado. Aproximando-se, cumprimentei-o e perguntei o que houvera com o homem, pois o vi soltando do taxi, deu alguns passos e caiu, estando assim a mais ou menos um minuto, o tempo do semáforo mudar de cor. Respondeu-me, que de acordo com os paramédicos ele está morto, e que constará no relatório do atendimento médico e do boletim de ocorrência policial como sendo enfarto radical do miocárdio. Conforme o laudo; quando ele bateu no chão, já estava morto. Disse-me que como policial e acostumado com o triste cotidiano, esse o deixou estarrecido por um detalhe; de acordo com os documentos que havia verificado, hoje tinha sido o primeiro dia dele como aposentado.
Agradeci as informações, pois agitaram a minha curiosidade desde lá do outro lado da avenida com o semáforo vermelho. Segui o meu caminho, fui para o meu bar preferido, sentei à minha mesa preferida, e bebi minha cachaça preferida com os meus amigos preferidos... Soube depois pelo dono do estabelecimento que o morto também era freqüentador assíduo, mas num horário mais cedo.
Bom, foi igual jogo cantado, coisa anunciada; bola cinco, caçapa do meio, e foi pro saco. Ele era a bola da vez. Olhei pra mesa e estavam lá a seis e a sete. Quando a sinistra entra no jogo não adianta mudar de bar nem de mesa, e quando o taco está na mão ‘dela’, é sempre uma sinuca de bico. Por via das dúvidas, sugeri que voltassem todas as bolas pra mesa. Pra ganhar tempo.

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BOLA CINCO; CAÇAPA DO MEIO...

BORRASCA

 
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Dia inteiro de espera, de aquele mar raivoso amansar, insistente na quebradeira bruta ao longo da enseada...
Não arriscar enfrentá-lo adentrando a imensidão é sabedoria de gente de pele de sol e sal, experiente...
Barcos e barqueiros recolhidos à terra firme, silentes, oram...
Pontas de pés na pedra, mirante, assistem na linha do horizonte a jangada  teimosa numa luta quase inglória de retorno ao cais...
Enquanto isso, um menino apreensivo, risca com seus pezinhos andarilhos desenhos de ondas e sereias imaginárias na areia úmida da praia, esta, acostumada a acolher seu caminhar todas as manhãs...
Às costas, um cesto repleto de mariscadas; almoço e jantar, já que peixes rarefizeram com a borrasca... No olhar, futuro incerto, e coisas que só ouviu falar...

https://m.facebook.com/story.php?story ... 322645796&mibextid=Nif5oz
 
BORRASCA

CICATRIZES

 
 
Título - CICATRIZES
MPB - Samba
Autor - ZéSilveira
Letra/Melodia/Voz/Violão

Violão por favor, consola-me...
Não sei como aguentar essa dor no meu peito, me maltratando...
Pela falta que faz o amor que senti...
Por favor Violão, abraça-me...
Não sei como afastar essa dor do meu peito...
Nem todo pranto...
De saudade que dá do amor que perdi...

Ela que partiu chorando,
mas me prometeu voltar,
sei que foi simples promessa,
para não me ver chorar...

Violão...Não me deixe sozinho com os silêncios, da solidão,
e todas as melodias tão perdidas na canção,
com as súplicas ditadas do meu coração...

É um grande vazio, a falta que Ela me faz...
Se soubesse que a dor era tanta quando abrisse a ferida...
Sei que Ela não me deixaria; ontem, hoje, nem jamais...

Mas o tempo passou, esqueci de esperar,
nem sei como tão machucado,
ainda contigo cantar...
Acho que é o único jeito de cicatrizar... Ah!
Violão..
 
CICATRIZES

DOCE ILUSÃO

 
 
Título - DOCE ILUSÃO
MPB - Samba
Autor - ZéSilveira
Letra/Melodia/Voz/Violão

Não sei... exatamente, o quê,
minha alma processa
o caminho sem pressa
que aprendi antever...
Sem esquecer de lembrar,
que pra morrer não há pressa
pois o que me interessa
é compor na alegria
sorrir e cantar...
Culpo a inspiração,
que me faz viajar,
para além do horizonte
dos vales e montes
num saudoso lembrar... 
Do celeste do céu
da verde linha do mar...
Das nuvens prateadas,
no chegar da alvorada,
antes do sol brilhar...

"poeta no estio,
poema canção...
do cantar vadio,
na doce ilusão..."

https://m.facebook.com/story.php?story ... 322645796&mibextid=Nif5oz
 
DOCE ILUSÃO

PURÃGA ARA

 
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Episódico despertar
com o fulgor dos raios
rasgando o chão da cabana;
abrigo de pau a pique,
refúgio providencial contra
o temporal  tropical...
Enquanto chovia, à cântaro,
tomei de lápis e papel, e sob
o tosco lume do archote,
juntei algumas palavras,
tentando refazer o que
escutara dos caboclos...
Disseram, que outrora,
através das frestas, o sol
aquecia as palhas de deitar
nas ocas dos ancestrais...
Por séculos e séculos,
o manto negro da noite
vestiu todas as aldeias,
como na alvorada; o bom dia
ecoou sonoro em nheengatu,
no grito do jovem tupinambá
por entre as árvores meãs
da floresta amazônica.

https://m.facebook.com/story.php?story ... 322645796&mibextid=Nif5oz
 
PURÃGA ARA

FLECHA CERTEIRA (Letra/Vídeo)

 
 
Título: FLECHA CERTEIRA
MPB - Samba
Autor - Letra//Melodia/Voz/Violão: ZéSilveira
https://youtu.be/9CuJuQ7sioA

A cabocla me ensinou
Que Oxóssi é o Rei da caça
É querreiro protetor
De homem, bicho e toda mata

Sua flecha aponta o céu
Faz a lua em cor de prata
Expandindo energias
Também toda sua graça

Eu também sou caçador
Nesta terra encantada
Se junto do meu amor
Toda noite é enluarada

É Oxóssi caçador
Vindo dos povos Nagô
É Oxóssi protetor
Vindo dos povos Nagô

Essa fé que vem do céu
E que nunca foi em vão
Não separa, nem extingue
O amor do coração

Eu também sou protetor
Nesta terra encantada
Se junto do meu amor
Toda noite é enluarada

É Oxóssi caçador ôôô
Vindo dos povos Nagô
É Oxóssi protetor ôôô
Vindo dos povos Nagô

Okê arô Oxóssi!...
Vindo dos povos Nagô!..

...feliz e orgulhoso pois há muito meu canto é ouvido nalguns terreiros da Umbanda. Axé!

"Oxóssi é considerado um orixá da mata que tem sobre o seu domínio o arco e a flecha."

https://m.facebook.com/story.php?story ... 322645796&mibextid=Nif5oz
 
FLECHA CERTEIRA (Letra/Vídeo)

De Mim (Letra/Vídeo)

 
 
Título - DE MIM
MPB - Samba canção
Autor - Letra/Melodia/Voz/Violão: ZéSilveira
https://youtu.be/Ka7VzWxbNno

Não é somente amor...
Não vou te enganar,
tu não sabe o tamanho
da dor que eu carrego
dentro do meu peito...
De mim todo respeito,
eu vou te desculpar,
não saberes de mim,
de todos pormenores;
virtudes, defeitos...
Não somente é amor...
e tampouco só dor,
se carrego nos braços
toda minha alegria
para te ofertar...
Não é somente dor...
Eu te posso provar...
Compondo e cantando
a poesia que teima
em me fazer voar...

p/HorrorisCausa
...tão doces foram suas palavras que me inspirei compor esta letra hoje a partir delas. Em breve, melodia em Si Maior; voz e violão... rs grato!

Prometi! Cumpri! rs

Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=368518 © Luso-Poemas
 
De Mim (Letra/Vídeo)

'memento mori'

 
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Me bastará pouca luz
no irreversível momento...

Obstante, se revelará
o transcrito no tratado
firmado na existência;
revelando o translado...

Há muito as rugas se
destacam nítidas no
semblante arrasoado,
mostrando com rigidez a
maquiagem pálida da tez...

O olhar pende no espelho,
esgueira-se sorrateiro, lento
ao ser tocado pelas mãos
frias, artrosadas pelo tempo...

Unto-as; bálsamos de rosas,
vã tentativa de disfarçar
o verdadeiro envelhecimento...

Por hora as velas dormitam
silentes nos castiçais...

Nada se ouve,
Nada se fala,
Nada se vê...
...apenas se crê no fim.

https://www.facebook.com/share/p/vGKk2fKGZmP6znGH/?mibextid=oFDknk
 
'memento mori'

Amor Rubi (Texto/Vídeo)

 
 
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Foi um amor juvenil, sim,
daqueles de reflexos de pedra bruta rubi
que deslumbra, que perspassa no tempo
mas não passa pelo momento;
nem da minha falha memória...
Devotamento solitário ficar aqui pensando de como tu seria hoje se a morte não tivesse te ceifada tão prematuramente e sorrateiramente má, consumindo teu sangue, a fonte mais vital da tua vida...
Eu era ainda um menino, incrédulo da existência da morte, senti tua ausência, consumi-me, amoei-me, nevoou o meu olhar...
Deu-me um prazer de querer, correr, sumir, também morrer, ir...
Pensei! Pensei! Medrei-me; depois chorei!
Lembrei-me do inesquecível bem estar de acariciar sob o luar o veludo do teu rosto,
alva tez de biscuit...
Ah, mas ficaste em fotografia emoldurada pela minha alma, e que a saudade não desfez...
Está no meu peito, eternizada, cópia fiel do teu semblante, ainda numa incrível nitidez;
o único retrato teu, e basta para eu reconhecê-la num mínimo de olhar meu;
mas até quando?
E se eu for eternidade?
Enquanto destino indefinido, vou te fazendo lembrada, emergindo da branca luz, sentindo seu perfume, a candura dos teus gestos qual alvorada festiva em excessivo brilho sol, rubro, cor que creio ser tua alma...
Eu fomentando ainda aquela simplicidade da juventude...
Penso que ela choraria essa minha saudade em poesia.
Já eu; quase li-a, em quando chorei.

In memorian, à Elizabeth Biancoville, 1961 - meu primeiro amor, que a leucemia tirou-a de mim poucos dias antes dela debutar.
 
Amor Rubi (Texto/Vídeo)

SONHAR MARI.ANA (Letra/Vídeo)

 
 
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Caro ZESILVEIRADOBRASIL, gostaria muito de ver/ouvir uma canção sua inspirada nas "nuances" deste meu texto.                                                                                    (maria.ana)
'Instantes de água'
"Sobre a terra a minha pele coberta de sombras. Desenho um corpo de árvore exponho-a à luz e espero no vento... No meu olhar sobrepõem-se as cores guardadas da solidão..."

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Titulo: SONHAR MARI.ANA
MPB: Samba canção
Autor: Letra/Melodia/Voz/Violão - ZéSilveira
https://youtu.be/QaPRfsS9Uto

Surgiste em poesia
Te-senti-sobre-a-terra,
numa vida arboral
Deslumbrante, sombreada
em requinte, encopada
jeito tão natural
Dissipou-me o relento,
Fez-me tão ternurento
Após o vendaval
Sucederam as  cores,
Aquarelas de amores
tintando a solidão...
Da memória cansada
E a voz embargada
coautoras vazias
de outras horas, então.
Quando nau de silêncios
À deriva no tempo,
Ante a triste canção.

https://m.facebook.com/story.php?story ... 322645796&mibextid=Nif5oz
 
SONHAR MARI.ANA (Letra/Vídeo)

AR-230512

 
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Mãe, me faltas;
Quisera tê-la
comigo inda.

https://m.facebook.com/story.php?story ... 322645796&mibextid=Nif5oz
 
AR-230512

ROMEIROS

 
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O temente e a candura
olham-se com maior ternura
Riso nas bocas sem dentes
Contraste e toda doçura
Nalguns molares ausentes
Ao sabor da rapadura.

Quem os veem, assunta,
Calmo e com toda lisura
Por que os pés descalçados,
Rachados nessa quentura
Próximo duma fervura
Chão tórrido em secura.

'Salve nóis, meu Padim Ciço'
Dessas agruras da vida
Marcada de precisão
De água, dignidade e pão
Prometido e não cumprido
Dos que se valem do sertão...

https://m.facebook.com/story.php?story ... 322645796&mibextid=Nif5oz
 
ROMEIROS

APOSTA

 
 
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Título - APOSTA
MPB - Samba
Autor - ZéSilveira
Letra/Melodia/Voz/Violão
https://youtu.be/32WsHvHDspQ?feature=shared

Nem com muito amor
Não consegui encontrar
Essa tal felicidade
Já cansei de procurar
Do jogo do amor desisti
Não quero mais arriscar
Acreditei cegamente, meu bem
De que sabias jogar
Não quis apostar em mim, então
Não ganhou, nem perdeu
Deixou-me sozinho à mesa
Tudo que eu tinha apostei
Cartas aberta no pano
Foi sempre assim que joguei
Sem blefe, e 'Az' oculto na manga; meu bem
Não perdi, nem ganhei...

...compus inspirado no poema "a poesia leu-me" do Rogério Beça; https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=371642
 
APOSTA

VINO

 
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Andarilhar absorto pelas alamedas, se vai
tocando suave com as pontas dos dedos as folhas do parreiral; sedosas, aveludadas, cintilantes aos raios solares...
A cada passo, os olhos se deslumbram com a folhas agitadas ao som da brisa que as obrigavam dançar, como se para revelar a cada movimento os seus frutos, benditos frutos, quais serão pisados após a colheita até ao mosto.
Primeira celebração, largar, sacrifício final, uno débourage, quase poesia antes de ser oferecido em cada taça numa festa de cor, perfume, paladar e prazer. Tintar o papel com estas palavras, se crê, também, ser um alegre celebrar.

https://m.facebook.com/story.php?story ... 322645796&mibextid=Nif5oz
 
VINO

Rogo

 
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quisera que a sinceridade
não fosse tão cruel; mas é.
se envenenada pela mágoa,
inexoravelmente se rebelará,
te soprará fel, asfixiará o sonho
de ser perdoado dalgum erro
desgraçado.
serás desprezado, arremessado
.
por entre as fendas; olhares vão
ficando                        espaçados
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raros os encontros e desencontros,

((                                                          )(

palavras; varridas num crescente...
reina o silêncio, mórbidos os sons,
não mais creio deles sussurrados,
é quimera o que a tua boca emite,
sofro; antes não tivesse te ouvido;
voz sobrenaturalmente espacial...
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..."Eu te amo".
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tempo desnecessariamente perdido,
entendimentos em cópias xerografadas
e os feitos despercebidos no cotidiano;
findam os sentimentos originais de nós,
exceto os atos passíveis de represálias,
e desprezo por quem achava ser amado.
'mea culpa’, eu sei que sabes que errei,
triste ter confessado e não ser perdoado...
decidi não sofrer esperando seu perdão.
tua alma já se desacostumou da minha;
impossibilidade mor haver alguma união...
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“Então; adeus!”
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‘preferível que eu vá sem ódio no coração’
 
Rogo

PLIM, PLOC, TREC, BLEM... VIVA!

 
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Plim, Plim, Plim, Plim
A fadinha disse a mim
Que o príncipe encantado
Era sapo, era sim

Ploc, Ploc, Ploc, Ploc
Meu beijo desencantou
O príncipe que era sapo
No cavalo me levou

Trec, Trec, Trec, Trec
Destemido derrubou
A floresta tenebrosa
E a magia acabou

Blem, Blem, Blem, Blem
Foi o sino, badalou
No castelo da realeza
E a festa começou

Viva, Viva, Viva, Viva
O Príncipe e a Princesa
Gritam todos de alegria
Felizes serão com certeza

Texto inserto na Antologia; "Trago-te um sonho nas mãos", Autores e Temas Originais, Lda., 2009, Coimbra-PT, direitos autorais revertidos em prol da ASAS - Associação de Solidariedade e Ação Social de Santo Tirso
 
PLIM, PLOC, TREC, BLEM... VIVA!