Poemas, frases e mensagens de Abissal

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Abissal

Aprovação desaprovada

 
 
Volto,
Voltando,
Volto,

Como se voltasse o tempo
Do meu sonhar.
E eu fosse a mesma
Que ainda acorda do teu beijo.

É isto.

Falar-te do tempo seria tão bom,
Das ondas por onde te banhas,
Do cão e do gato,
Do canário do Januário
Que ao sol ainda hoje me cantou o teu retrato.
Do nada e do tudo
De um burburinho nosso e absoluto.

Divagando vou sem te encontrar.
Perguntaste por mim
Ou, já não queres saber?

Como uma aprovação desaprovada
Sou caminheira
Sem caminho

Que daquele dia cinzento por aqui aninhei a minha estrada.
 
Aprovação desaprovada

Um coração rasgado nunca volta a ser o mesmo

 
 
Naquele dia não olhei para trás
A mágoa era maior que tudo,
Mas ainda ouvi aquele teu murmurar muito baixinho
Meio mudo perto do multibanco,
Não sei se de raiva
Ou de orgulho.
Aquele que mais tarde se concretizou
Ao meu passar,
Por tua iniciativa.

Não sei se sabes, mas eu nunca partiria,
Tinha deixado tudo no seu lugar
Tudo aquilo que eu não queria.

Depois voltei ao lugar
E foi o teu modo de passar
E a tua hipocrisia,

Que me fizeram desdenhar
Dum amor
que eu tanto queria.

Só é pena o rasgado
E a raiva
Com que perdi aquela tua fotografia.
 
Um coração rasgado nunca volta a ser o mesmo

O pescador

 
 
Quantas vezes partiste rumo ao incerto
E dos barcos se apagaram as luzes?
Quantas vezes o caminho foi incerto
E as gaivotas
Não voaram com o vento?

Programaste o rumo do
Teu barco sozinho,
Enquanto a cidade
Ainda despertava moribunda do medo,

Acenado orgulhosa
Aos teus caminhos de sempre.

Desejando que a tua pesca
Fosse fecunda.
 
O pescador

Melodia a uma nota só

 
 
Assumo a ironia deste amor
O passar incerto por um destino,
A fome e a fartura desta dor
Que dentro de mim se torna hino.

Aos passos que me levam
E eu não dei, ou pouco sei,
Apenas cego sem ter ninguém.

Se me perguntam se caminho,
Nada lhes digo,
Neste silêncio
Nem pianos, nem violinos
Tocam tão bem.

Apenas eu
A sós
E deus também.
 
Melodia a uma nota só

Duas ruas e um caminho

 
 
Duas ruas e um caminho,
Uma flor a se erguer
Enquanto o frio pela espinha
Ao peixe
A cana a esconder.
Tanta onda,
Tanto peixe,
Nasce o poema a sibilar.

Nasce o homem que o entender
Que nele desaguar,
Num vai e vem de abarca
O rio onde se ousou banhar,
Num silêncio
Que se detona
Numa gaivota
A planar.

Foi o poema com o vento,
O cravo no meio do mar.
 
Duas ruas e um caminho

Nos teus vocábulos

 
Perco-me nas certezas dos teu vocábulos,
És tão difícil, mas para mim és tão óbvio, não tens filtros.
Sorrio,
Desculpa por sorrir das tuas lágrimas,
Calejei tudo o que me possa incomodar.

Por favor, sorri comigo,
Amanhã pode ser tarde,

Sabes,
Aquilo que nos ficou de loucos
Quando te escondes
Invades a minha zona.
Apetece-me sorrir agora.

Se eu sou gorda, tu és tão parvo.
 
Nos teus vocábulos

Não ia dar certo

 
 
Na veracidade
Que o tempo me trouxe
Das tuas palavras
despropositadas,
Que outrora achei
serem
provocação.

Sigo outro rumo
E afasto-me.

Te desejando o mesmo,
Que sejas feliz.
 
Não ia dar certo

Voltasse eu

 
 
Voltasse eu
Àqueles brilhantes raios de sol
Travessos lado a lado.
Voltasse eu
Àquelas manhãs
Em que os olhos
Sabiam o tamanho do beijo
Que se ansiava.
Voltasse eu
A ser a primavera em flor
Que te pousava
Em fugas de borboletas.
 
Fizesse eu
Da tua estampa de Rolling Stones
O meu corpo inteiro.
E do teu lápis
Os contornos
Dos meus lábios.
 
Fizesse eu
O que ainda faço
Quando te recordo.
E o mundo para
Procurando por nós.
 
Voltasse eu

Acredito

 
 
Sabes às vezes oro
Acredito que esta luz que me guia por dentro é tão forte.
Tão intensa, lá terá as suas razões para ser assim,...
Não me questiono,
apenas oro como sei,

também por ti.
 
Acredito

São como os beijos

 
 
As palavras belas são como os beijos
Cansam-nos
E desgastam-nos
Quando não são verdadeiras.

É sempre preciso uma mão para virar a página, dois olhos para escrever, dois olhos para ler, e dois corações e duas almas para as sentir

No caminho.
 
São como os beijos

Nesse descompasso

 
 
Nesse descompasso
Aproveitar o bom da vida que me escolheu,
Não a que eu escolhi.

Porque diz que me ama,
Porque me quer incondicionalmente
Lutando numa batalha sem fim

E ainda tem
Aquela força,
Que já não tenho,
Que também perdi.
 
Nesse descompasso

Os olhos não mentem

 
 
Os olhos não mentem,
nem o mel colado aos lábio,
Que se prova
Pela eternidade de um beijo
Que se colou ao desejo
A que fugimos,

E tardios
Nos fizeram voar por estes nós.
 
Os olhos não mentem

Esta sou eu

 
 
Apenas serenidade
Como no dia em que chegaste
De passos leves
E eu sonhei.
Ainda ali regresso várias vezes
E sinto os traços
Da claridade
E da frescura
Com que nasceu.
Esta sou eu.
Intensa
E sem rancores.
Como se a noite fosse de estrelas,
E o teu olhar me incendiasse
Toda a candura
Que espelhada na boca emudeceu.
Onde a ternura um dia já perdida
Anoiteceu.

Esta sou eu.
 
Esta sou eu

Peixinhos nos dedos

 
 
Queria afastar as nuvens com os dedos
Poder mudar o tempo quando é frio,
Cessar a chuva
E o verão vazio.
Acordar a primavera clara
No lençol.

Despentear a vida
Em teus cabelos,
Com os peixinhos
A dançar nos dedos.

Mas está escrito
Nas estrelas,
Se o tempo quer
Assim esperar,

Nada se deve forçar
Tudo é leve como o mar,
Quem quiser há de voltar,
Tudo acaba em seu lugar.
 
Peixinhos nos dedos

E eu fui

 
 
E eu fui

Esqueceste-te
De perguntar o que eu sentia
E o que eu via quando estava perto de ti.

Porque o meu olhar era tão diferente do teu
Que tu nem te vias ali.

E eu fui.

És feliz,
Estás bem assim?

Isto não é um poema
É apenas uma pequena introdução
Sem perguntas,
Onde me questiono.
 
E eu fui

Sopra bem devagarinho

 
 
Cansada de escrever
E de esperar pelos teus verso,
Com mil cantigas te digo
Que de mim
Fizeste inverno.

Não me alongo
Nem te suplico
Sou como um pássaro sem bico
Numa montanha a barlavento.

Sopra bem devagarinho
Faz deste meu poema o teu ninho
E do meu passar um mistério.
 
Sopra bem devagarinho

Num grito cravo em nós

 
 
Liberdade
São ânsias e lábios que não esqueço,
Num grito cravo em nós
Que ainda se demora.

Vem, sem medo
Como vens em cada balada
De solidão
Que nos
separa.

Num vaivém
Conciso
Fulminante
Que nos brinda
Ao acordar
Da pele

Que ainda nos arde

Vem,
Despido de amarras
Cobrando aos corpos
Os nossos sonhos

E voa.
 
Num grito cravo em nós

daquela história, só as folhas dos nossos movimentos

 
largo as pedras
e as setas...para o chão.

atiro-te levemente os dedos
aos lábios
num retrato,
sugando as memórias
com a língua no céu da boca.

aquela aula
que nunca se desaprende,
ainda me enrola a saia
subindo
até ao vibrar do vinil
que me toca.

e preenche as entranhas das memórias,
tocadas por uma guitarra
da nascente
ao rio.

deixando as folhas
que pintámos
quando partimos
guardado as histórias.
 
daquela história, só as folhas dos nossos movimentos

Ainda guardas as estrelas no bolso roto das calças?

 
Nunca vais entender o meu silêncio
Ele não te culpa,
Nem me culpa
Apenas se culpa
E fica.

Sem tempo para se culpar.

Como se flutuasse
Ainda por um caminho
Onde as estrelas brilhavam.

Sem regresso.
 
Ainda guardas as estrelas no bolso roto das calças?

Esqueci-me

 
 
Risquei-te por anos da minha vida,
Tentei esquecer todas as músicas que nos pertencem,...
Segui sem rumo em solidão
Com tanta gente,
Rasgando cada ironia e cansaço.
Lutei a cada dor presa cá dentro,
Lutei a cada vontade
Acompanhada de percalço,
Esqueci-me
Que o amor não tem distância
Bate-me no coração
A cada som,
A cada passo.
 
Esqueci-me