Veja
Veja, se o mundo parasse por causa de tragédias, acidentes, mortes, decepções, desilusões, amores perdidos, guerras, descasos, pecados, dores, paixões, desesperos, impaciências, injustiças, injúrias, perdão, angústias, doenças, ganhos, grana, pai, mãe, avós e tias. Se o mundo parasse porque ele não veio, não me quer mais, deixou de amar, quer ser livre, ou então, porque desisti de querer sonhar, quero minha cama, vou acabar com tudo! Se o mundo parasse, tudo pararia com ele. A vida é como o mundo, segue sempre... As vezes nem sabemos para onde, outras temos certeza, no entanto, ela segue. Tal qual um rio que desatinado em seu curso só tem uma meta, chegar ao mar. Por isso te digo: - Segue... O mar te espera! E, quando mergulhares em suas águas salgadas, tu que doce como os córregos trafegava, lembra-te de mim...
Marisa Rosa
TRANSCENDENDO.
Quisera poder do tempo,
Romper esse laço que me trás cativa,
E anunciar meu ressurgimento.
Talvez por malvadeza e crueldade,
O tempo tenha levado na enxurrada,
Aqueles alegres anos, os belos dias,
De inocência e humildade.
No entanto, sinto-me impelida
A uma última alternativa.
De evitar dos dias a contagem,
E cessar determinadamente
De medir a vida através de meses,
Anos, décadas...
Somente contar as historias.
Sem linhas imaginárias frias.
Sem vencedores ou vencidos.
Sem centrismos ou outros ismos,
Que sabemos só nos confundiu.
Quisera romper paradigmas,
E avançar no mundo como...
Uma leve brisa, até esgotar
As mais belas palavras de Paz.
(Marisa Rosa)
O amor é azul.
Tua presença
É vento bom que invade as frestas.
Faz bailar cortinas de renda brancas...
Não sei se, por alegria ou devoção,
Faz acontece meu melhor momento.
Digo que amar é me aconchegar
Em teus braços a cada entardecer.
Longe de ti, sou como as ondas castradas
Atadas ao mar amante
buscando levar ao longe, o amor azul...
Que até, suponho, seja o meu
a sussurrar nos lábios do mar anil
repetindo baixinho,
Como se mantra fosse:
_Todo amor é azul, azul, azul...
E, se, o nosso amor é tão bonito
refletindo o azul do infinito
onde, brinca os astros
E lua vive a bailar...
ouço o vento a sussurrar
Que uma onda fugida nos trouxe.
Marisa Rosa Cabral.
Canta Maria Tereza
Canta docemente Maria Tereza, ninando a tristeza que a lembrança teima em despertar. Rola quase uma lágrima seca de seus olhos resignados, mirando o céu através da janela, como se quisesse encontrar Deus em meio a tantas estrelas... Esquecimento se atreve, a alma se acalma e até sem pressa confessa que a lua é tão bela! Um sorriso ensaia e, antes que vida lhe traia, a fria tristeza faz manha, desperta e se assanha e torna a cantar Maria Tereza, sob a luz fraca do candeeiro, sem se dar conta que o ano passa ligeiro e que até já findou Janeiro!
(Marisa Rosa)
extremos?!
Pensas que viver é desafiar a loucura e a lógica, por isso, ficas prisioneiro desse "mundinho" onde, nunca, os extremos são concebidos!
Ignoras o pouco espaço em que tudo cabe: o quente e o frio, o doce e salgado, o amor e ódio, a morte e vida abrindo na mente imensa ferida que o tempo não cura e, como tortura!
Passas o tempo a ruminar no pensamento o mistério da vã filosofia que não rima com minha poesia; a duvida do "ser ou não ser", quando a simplicidade está a própria afirmação em dizer que "ser" é e o que se sonha ser, e o não ser é o que tu abominas... A leitura da vida é pantomina!
Desatas os fios que te prende a esse mundo de ideologias, filosofias, teologia e vá simplesmente preenchendo de opções e idéias o pequeno espaço que se incumbe da distancia de nós dois... Não é filosofia o que te digo, mas simplesmente lógica, e eu sou isso; loucura e lógica aos extremos!
(Marisa Rosa Cabral)
Despertar.
Minha inspiração despertou assim,
Audaz, como a aurora engolindo estrelas
pelas frestas da manhã!
Espreguiçou-se rompendo laços
Reabriu antiga janela
E, num relance em desafio
Quis o mundo num abraço!
Minh'alma, de toda apaixonada,
Suspirou relembrando coisa belas!
O vento soprou um segredo
O rio partiu sem medo...
O verde domou os campos,
Despertou mariposas
E afugentou pirilampos!
A aranha séria silenciosamente tecia...
Borboletas beijavam flores
E, distante de tal rumores
Sabiá ensaiva um canto
Esperando a luz do dia!
Então, à luz sonolenta como virgem manta,
Deitou-se sobre o tempo que voltou a ser.
(Marisa Rosa Cabral)
Sem sombra de dúvida!
Floresceu a dúvida no jardim de Flora, que chora e ri que ri e chora... E se perde suspirando, ignorando as horas tão desligada num desleixo imenso que até lamento meu Deus, coitada de Flora!
Dúvida não é sombra, não é vento... É flor que se colhe em qualquer tempo, em qualquer hora... É o simples advento que caprichosamente a alma acolhe... E recolhe, amofina e rumina o pensamento que oscila entre o sim e o não... Longe de “querer paz”, perto do “tanto faz” só causando confusão...
Duvida não, Flora!
(Marisa Rosa Cabral)
Audácia
Mas que audácia do infeliz... O cravo brigou com a rosa e veio morar no meu nariz.
(Marisa Rosa Cabral)
Exagero.
...Mas deixemos de cantar tristezas, pois tristeza demais, nubla a vidraça e a vida passa, faz graça e a gente nem se dá conta! Alma triste se distrai facilmente! Foi fato, que Deus, distraído, errou a mão, salgou o mar e ainda descuidado virou a lata de tinta, verde, por sobre o cerrado e deu no que deu, teve que tingir uma a uma a flores da natureza! Pense bem, Maria Tereza, tristeza demais, trabalho dobrado para reconstruir e colorir a vida de beleza!
Marisa Rosa Cabral.
...Mas deixemos de cantar tristezas, pois tristeza demais, nubla a vidraça e a vida passa, faz graça e a gente nem se dá conta! Alma triste se distrai facilmente! Foi fato, que Deus, distraído, errou a mão, salgou o mar e ainda descuidado virou a lata de tinta, verde, por sobre o cerrado e deu no que deu, teve que tingir uma a uma a flores da natureza! Pense bem, Maria Tereza, tristeza demais, trabalho dobrado para reconstruir e colorir a vida de beleza!
Marisa Rosa Cabral.
Eu Poeta...
Sou a que costuma navegar delirante
Sobre as nuvens cintilantes...
Respirar o ar que ninguém se atreve.
Lá no alto só tem eu!
Finjo que as nuvens são ondas e
O céu, infinito mar...
Meus pensamentos são ventos
que fazem meu barco plainar.
Canto, danço, invento modinhas e
Troco as estrelas de lugar.
Brinco com as três Marias,
apostos corrida com os cometas,
Fico de ponta cabeça,
Mirando sempre o luar...
Balanço pés descalços
Quando, deslizo o corpo pelo lua
E grito lá do infinito,
Onde ninguém me pode ouvir:
_Sou poeta!
E nesta minha loucura
Vivo a maior aventura!
...Mas as vezes afligida e triste,
choro versos em meu mundo autista
Pois a lágrima do artista
É a garoa da poesia...
Marisa Rosa Cabral