No Pátio da Igreja
Com uma vela na mão
Permanece o menino
Paralisado
Entre vozes entrecortadas
E badalos de sinos
Que ecoam no vazio
Da multidão
Sonha com um mundo distante,
Com o encanto dos mares,
Vive intensamente sua ilusão
Adornada por paisagens selvagens
Cercado pelos mistérios da vida
Estendida aos seus pés.
Por companheiro a chama acesa
Que a sua frente
O leva até os recônditos
De um céu imenso
Feito de quimeras e desejos
Despertado por uma voz
Que da boca se desprende
E eleva-se até o infinito
Caminha para sagrar
A vontade de todos
Menos a sua...
Sonho de Amor
Floresce novamente em minha vida
A aurora de um novo amanhã
Trazendo consigo seus raios fulgentes
Que subitamente inundam minha alma.
Brilha assim com força a esperança
De ter teu amor, teu calor
Que arde como brasa em meu peito
E leva-me aos recônditos do universo.
Breve momento que viajo
Por estrelas, por vales de sombras
Rios de águas ternas, mansas
Como a vida que desponta
Ao simples pensar de um beijo teu
Inunda-se meu corpo de desejo
Neste vago instante em que o mundo
Por um segundo queda paralisado,
Enamorado,
Ao encontro do meu olhar com teu.
Tal qual o orvalho que da rosa se desprende
Ao leve beijo do vento em seus lábios
Tua presença em minha vida
Arrasadora se faz.
Teu encanto suave e envolvente
Como as espumas do mar
Carrega-me no doce balanço
Das ondas que solitárias navegam
Por entres oceanos de ilusões.
Desperto desejando voltar a adormecer
Para que assim nos meus devaneios
Possa por fim voltar a te encontrar
E para sempre sonhar, sonhar,...
Amor y Poesía (español)
Mírate que bello es
El brillo de las estrellas.
Escucha las voces que
Suenan hasta el infinito.
Júrame amor eterno
Que ya lejos de ti
No puedo más vivir.
Dame tu gloriosa mano,
Juntos seguiremos adelante
Por toda una vereda color de oro.
Felices tal cual el sol
Cuando se despierta
Para una maña clara de primavera.
Amor me has rebatado
Para todo siempre.
El alma y el corazón
A solo un pertenecen:
Un amor,
Una verdad.
Transcurrida tras conocer
El signo de los años.
Si esto es un devaneo,
Un sueño querido,
Te pido:
No me despierte,
¡Jamás!
Pues te amaré hasta el infinito
Y, después, una vez más.
Mais uma de amor
Quando ao meu coração
Teus olhos a luz azul empresta,
Vejo vivo o sentimento,
Que, súbito, em meu recôndito se aflora,
Tal qual aquele primeiro raio de sol
Que nasce em uma manhã de primavera.
Oh musa dos meus sonhos,
A tua formosa presença constante se faz.
Contemplo-te arrebatado, assim calado
Em meus próprios devaneios.
Tu és, dentre todas, a mais bela
Tão única e perfeita de se admirar,
Que me desencontro ao te encontrar.
Mas sabes, se ponho-me a pensar,
Não vos digo que te amo,
Pois amo antes a idéia de te amar.
Te amo assim em pensamento,
Com a clareza das horas
Que pulsam sem parar.
Te amo assim secretamente
Neste abismo que se abre por completo
No vazio que há entre intenção e gesto.
Retrato de um povo
Canto o meu canto
Repleto de lamento
Do sofrimento
De um povo,
Do clamor dos esquecidos.
Na noite fria
Cega
Muda
Surda
Jaz um Corpo frio, calado na multidão.
Oferece ao mundo o que, ao final, lhe resta:
Sua desilusão,
Ilusão do que foi, do que era.
Seus sonhos já não existem mais.
A realidade dura e fria como pedra
Crava na alma o semblante fechado,
Um olhar amargo.
Do sorriso amarelo
Traduz-se aquela vida
Que outrora teria sido
Feliz
Já não é mais.
Do suor de seu rosto
Faz-se presente à mesa o pão,
A solidão, sua fiel companheira.
Perdido no mundo
Navega por entre mares de concreto
À procura de paz
Nada mais.
Brava gente brasileira.
Damas da Noite
Das sombras inquietantes
Surgem dríades de gestos cálidos
Que com seus toques envolventes
Levam-me até os infindos
De uma natureza desconhecida
E nunca dantes desbravada
Bailam ao som de uma
Canção suave e sedutora
Que aos poucos me fazem
Esquecer da solidão lancinante
Apoderada de uma vida
Desmedida
Lançam ao balanço do vento
Brandas carícias
Que de encontro à pele
Remetem-se ao nascimento
De Vênus nua e pura.
Mas logo ferem os céus
Despejando largos trovões
Aquietam-se em seu reduto
Caladas
Até que estrelas devolutas
Voltem ao firmamento
Tecendo o seu longo brilho
E assim cativando o ventre
De uma alma que vaga perdida
Pela escuridão.
Janela da Imaginação
Vagando por desertos de palavras
Tenta de alguma forma encontrar
Um simples verso capaz de transformar
Pensamentos perdidos na escuridão
Na mais amena e mansa ilusão
Baila ao som das cordas que pairam ao vento
Conduzindo um artístico espetáculo
Que ilumina a alma e os sentimentos
Dos viajantes atentos às páginas abertas
De um livro escrito com a eterna imaginação
Desanuviam-se suas lembranças,
Perdidas através dos longos anos,
Quando ao vagar por terras longínquas
Adentra repentinamente
No reino esquecido da sua infância
Não morremos ao deixar de viver,
Morremos ao deixar de sonhar.
ÀDeus
Amargo é o riso
Que na face brota
Quando antigas memórias
São em mim eternizadas
Aguda é a dor
Que fere meu peito
Despedaçando minha alma
Em mil pedaços
Breve é a passagem
Estendida à nossa frente,
Longo são os momentos
Por nós compartilhados
Leve é a certeza
Do repouso
Em tuas mãos
Por fim estendidas
Curta é a vida
Curta
Vida
Curta...
Adeus meu amigo...
Triste Outubro
Ó Outubro dos meus desalentos,
Que de amarga sina cumpre teu triste fardo,
És vil e cruel com meus sentimentos,
Que já agora doces pensares em minha alma guardo.
Carregas em teu ventre a chama da desilusão,
Manchas meus dias duras penas de sofrimento,
Semeias em meu recôndito apenas escuridão
Donde vozes ecoam aflitas em perdido lamento.
Ó Outubro inimigo dos amantes desconhecidos,
Levastes com tua fúria incontida
Aquele sonho que um dia em ti construímos,
Sendo hoje apenas recordação perdida?
Por que fizeste isso com nossos corações?
Tragastes no teu imo esperanças de felicidade,
Vagas, ainda que intensas de emoções,
Para sempre enterrada nos braços da eternidade...
Vida em palavras
Um momento
Passageiro
Porque assim o é.
Um sentimento
Perene
Tal qual o mar, as estrelas.
Uma vida
Que a minha frente se lança
Chama, provoca.
Aventuro-me então
No âmbito sombrio
Donde quedam
Vazias
Palavras perdidas
A elas dou forma,
Vida.
Poesia.
Dos meus versos
Por jardins
Em constante primavera
Abrem-se pétalas
Adornadas de inquietudes
Por mim vividas, esquecidas.
De uma aquarela
Traço ao final
Na parede nua,
Fria de desejo
Retalhos
De recordações vivas
E assim eternizadas.
Reinvento a vida, nada mais...