Poemas, frases e mensagens de marco_ramos

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de marco_ramos

Eu sou Gaúcho, eu sou Grêmio de Porto Alegre

Meu e-livro : http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/1173157

Uma canção para quem amou, uma canção para quem deixou de amar

 
Eu nem precisava lhe perguntar,
Estava ali expresso, descrito no seu olhar.
A voz embargada, um silêncio no ar,
E uma lágrima a derramar...

Na ciência deste momento mudo,
Sei que a nostalgia vai se multiplicar
Nos pedaços que sobraram de meu mundo,
Na misera ilusão de amar...

Talvez um dia haja arrependimento,
Num coração que sangra piedade,
E me dirá, “foi coisa de momento”,
E não uma mera fatalidade...

Então haverá de tocar no imaginário,
A canção de quem amou,
Como que vestisse o cenário,
Com a saudade que ficou...

E nestas mudanças teatrais, o fato...
E nele talvez você possa se lembrar,
Que esse fora seu ultimo ato...
E essa uma canção para quem deixou de amar...

E nela a necessidade de ter medo,
E a razão que por vezes some...
Com intuito mistério do segredo,
Onde no revés resguardo o teu nome...
 
Uma canção para quem amou, uma canção para quem deixou de amar

Putanação

 
Eu leio o que fora escrito para o vento,
Na linguagem do tempo e da poesia.
Tendo a liberdade descrita do tempo,
Com palavras que pediram alforria...

E por elas eu ouço a canção muda,
E a dança multiplicando meus sentidos.
Pois o canto da sereia há a quem iluda,
Quem por esses mares se pôs perdido...

E é dela que saboreio o beijo com sabor mágico,
O acre que provem de seus lábios.
Com um gosto de final trágico,
Jamais decifradas nestes alfarrábios...

Porque ali o anjo cruzou a porta,
E em silêncio por aqui ficou.
Um quadro de natureza morta,
Onde sua imagem se multiplicou...

São olhos azuis que já não vejo,
No escuro que sobrou da paixão.
Monstros que se tornaram desejos,
Em cruzes e estacas no chão...

Pois na linguagem do que era eterno,
Sobraram as cinzas forjadas ao aço.
E as palavras nas entrelinhas de meu caderno,
Onde em poesia, como homem me refaço.
 
Putanação

Amor e Morte

 
Perigo! Não esperes de mim uma prova de amor,
Sou inconstante na ação, mas diferente nas palavras!
Um paradoxo, eu sei, mas ao amar, prefiro a dor,
Pois o amor é uma lamina que escalavra...
~
E leva-te a morte, corpo vivo, alma sã!
E engana-te, tão insolente e mentiroso...
Faz-te louco, e sem resposta no divã...
E ainda ri da sua cara, com seu sorriso jocoso...
~
Perigo! Não espere de mim mais do que uma sedução,
Não espere mais que uma sensação de prazer,
Não espere mais que uma efêmera satisfação,
De um sexo frio, só pela necessidade de fazer...
~
Pois eu não quero amor, então esqueça!
Esqueça de tudo, pois amar é perigoso!
Amar é o que eu menos quero na cabeça,
Não quero seu paladar, mesmo que pareça gostoso...
~
Se lhe pareço estúpido, lhe agradeço!
Pois na verdade, não quero que me compreenda!
Pois o amor lhe sufoca, apertando-lhe o pescoço,
Cega-lhe, como se lhe colocasse uma venda...
~
Eu só quero a inutilidade de um único prazer,
Na continuidade que só a carne tem,
Para depois ir embora, sem ter nada a dizer,
Sem ter nada a dever, sem algum mal ou bem...
~
Amor e morte, eu não sei se lhe explico,
Pois vou preferir mentir, caso venha entender!
Sexo sem amor é algo muito explicito!
Mas entre o amor e a morte, eu prefiro morrer...
~
Para não ter um sentimento que me destrói,
Que me deixa só em seu universo fechado...
Onde com sua natureza incomum a tudo corroí,
E onde amar, seria o maior dos pecados...
 
Amor e Morte

O teu silêncio

 
O teu silêncio é o meu eterno senhor
E quando calas, penso viver na surdes
Sinto-me até como uma ovelha sem pastor
Ou como estivesse sendo levado pela embriagues...
~
Tuas palavras trazem para minha vida o alento
Quando chegam entoadas em frases de amor
Mas também podem levar-me a um grande tormento
Quando elas vêm carregadas de dor...
~
Assim sem querer tu fazes-me sofrer
E sofrendo tu faz-me calar também
E como você, fico sem ter o que dizer
Fecho-me calado, e nada me faz sentir bem...
~
Somente uma palavra sua, não mais que uma
Faz com que meu sorriso apareça novamente
E minha confiança novamente se apruma
Pois é muito bom vê-la novamente sorridente...
~
Por favor, não se cale, seu silêncio me faz mal
Ele é como um espelho que há se quebrar
Dando-me sete minutos de azar, num silencio total
Naquele anseio informal, de não ter o que falar...
~
Então me diga qualquer coisa, faça-me bem
Vamos trocar juras bem-aventuradas de amor
Eu te amo, no som que as tuas palavras tem
Nas tuas poesias exclamadas ao meu favor...
~
Mas se preferires novamente calar
Eu entenderei o que seu olhar tem a me dizer
Pois meu amor, eu sei com o coração escutar
O que em palavras tu não podes oferecer...
~
Pois o meu amor pelo seu é intuitivo
Ele te ouve, mesmo quando não queres falar
E nestes dias em que se achares menos vivo
Não se cale, pois jamais deixarei de te amar...
 
O teu silêncio

Jardim Vazio

 
Antes que amanhece,
Antes mesmo que chova,
Antes que sua juventude floresce,
E que sua lágrima me comova...

Digo-lhe filho, observe com carinho,
As mil faces do mundo terreno...
Pois muitos são os caminhos,
Mas retorno em nenhum teremos...

Então assimile ao certo,
E mesmo eu estando perto,
Nada poderei fazer...

Pois você é quem escolhe o caminho a percorrer,
Abandonando meu coração ao frio,
E deixando nosso jardim vazio...
 
Jardim Vazio

Evocando

 
Entre mim, um funeral sem flores,
E uma lágrima disparada em forma de tiro!
De seus olhos tristes e tão agressores,
Com tantas perguntas, ao qual eu não inquiro...

Sua alma no espelho do rio é concomitante,
Com sua presença, diante dos olhos meus...
Construindo palavras a cada instante,
E num sentido acróstico, tenta encontrar um apogeu...

Mas te digo que este salmo, e de vidas passadas,
Pois a vida passa, e os momentos se perduram...
Porque a memória jamais poderá ser apagada,
Mesmo que sazonada, por remédios que não curam...

Porque me fui, junto às chuvas de agosto,
E para teu desgosto, não pude me despedir...
Então me evocaste, com a lágrima de teu rosto,
Para chorar contigo, esta dor sem elixir...

Pois te sobraram as penas, desconsoladas,
E a mim mais nada, do que partir com Deus...
Agora eu sei que minhas pagadas serão apagadas,
E não estarão mais ao lado dos passos seus...

Então não chore por entre as cruzes envelhecidas,
Evocando a terra, a esta flor que já murchou...
E mesmo que ainda lhe arda às feridas,
Saiba que o tempo, ao seu amor eternizou...
 
Evocando

Pobre de ti amigo

 
Pobre de ti amigo...
Que confunde a fome com a vontade de comer,
Que confunde a vida, com a necessidade de viver.
Que tropeça em seus passos, nos pés cansados,
Próprios pés...Mas de caminhos escassos...
~
Pobre de ti amigo...
Que mora em casebres, entre outras palafitas,
São casas tão feias, casas tão esquisitas...
Com paredes de caixotes, telhados de papelão,
Com piso de chão batido, e cômodos sem divisão...
~
Pobre de ti amigo...
Que vive entre a ignorância e a razão,
E que já não entende o sim e o não...
Mas pena nas suas incertezas abundantes,
Perdido nas cenas de seus instantes...
~
Pobre de ti amigo...
Que mendiga seu pão sobre as calçadas,
Que sobrevive de moedas e mais nada...
Seguindo com suas roupas rasgadas ao frio,
E virando o lixo misturado ao meio fio...
~
Pobre de ti amigo...
Que bebe até o seu ultimo trocado,
Que anda caindo pelas ruas drogado,
E sendo marginalizado por sua condição,
De morador de rua, e homem sem instrução...
~
Pobre de ti amigo...
Que aceita a vergonha de ser si mesmo,
Que esqueceu de brigar por seu sesmo
Pois não se viu no tempo, pondo-se alienar,
Ficando velho, mesmo sem ver o tempo passar...
~
Pobre de ti amigo...
Que já não sabe se vive ou prefere não viver,
Deitado nas esquinas, com sua carniça a feder,
Nos narizes dos respeitados cidadãos,
Da cidade de mil pecados, mas sem nenhum perdão...
~
Pobre de ti amigo...
Pobre de tua mãe, de teu pai, e de teus irmãos,
Pobre de teus filhos, perdidos na contramão...
Destas ruas que lhes deixará como uma herança,
De quem não teve nada na vida... Nem esperanças

Uma mini-crônica sobre uma segunda chance

Eu queria poder ter o dom de esparramar sorrisos, doar alegria aos tristes, saúde aos doentes, e nestes instantes, eu queria ser um pouco Deus.
Não queria distribuir moedas, mas trazer um pouco de fartura a mesa de quem tem fome. Basta olhar um pouco a nossa volta e acabamos por notar que estamos rodeados deste tipo de pessoas “os famintos”, e esses todos ainda tem a maior das fomes, que é a fome de justiça.
Mas a justiça é doce, e enche de cárie o dente de quem consegue um pouco de seu néctar, pois a justiça não parece ser para todos.
É estranho ter que pensar assim, mas nas variantes que nos levam de casa para o trabalho, e do trabalho para casa, e que nos fazem perceber que muitos não têm nem trabalho, muito menos casa.
E estes estão esparramados por todos os lados, é uma epidemia urbana, cresce todos os dias, cresce todas as horas... A cada minuto, e quem somos nós para mudar isso? Não somos NADA!
Pois quando podemos, alguns de nós ainda conseguem jogar a chance fora, são aqueles tipos de pessoas que conhecem o ladrão, e não se sentem lesadas ao serem roubadas pelo mesmo. E se vocês não se importarem, cada vez mais existiram políticos mal intencionados a nossa volta. E com eles, toda essa degradação social que presenciamos a cada dia.

Atenciosamente, Marco Ramos
 
Pobre de ti amigo

Minhas quatro estações

 
Eu acabarei como o dia, mais cedo
Vou entardecer, junto com o astro rei
E logo lhe darei o mistério da noite
Desfolharei-lhe...E descobrirei
Falarei sobre o nosso passado
E saberei do presente que lhe tomo
Sendo mais que um amor no seu futuro
Tornado-me agora o seu outono...
~
E depois lhe soprarei como um vento frio
E em meu ser, sei que procurarás
O agasalho que cobrirá seu corpo
E sua alma sabe que aquecerás
Serei tênue, outra vez bem envolvente
Às vezes serei seu céu, muitas outras o inferno
E de todas as maneiras que se tente
Estarei lá para ser o seu inverno...
~
Terá de mim a alma coberta de flores
Minha fragrância estará solta no ar
Minha áurea sobre a tua terá mil cores
Entre nós muitos pássaros a cantar
Assim molharei a sua terra, povoarei seu mar
Novamente meiga e sincera, lhe terei
Em uma mística maneira de amar
E neste instante tua primavera serei...
~
Vou lhe trazer para onde começa a luz
Transmitir de meu corpo, todo este calor
Serei o homem envolvente que te seduz
Que lhe atraí para um instintivo amor
Sei que verás nosso amor em toda a arte
E isso de fato é o que todos viram
Do amor, de mim terás em todas as partes
E agora retorno a ti para ser o seu verão...
 
Minhas quatro estações

Solitude

 
Ainda não parei de lhe sentir,
Minha pele arde, e sente sua falta...
Marcado pelo desejo, e podendo exibir,
Suas marcas, de um amor em revolta!

Mas sei que você não me esquece,
E sei adentro os teus sonhos madrigais!
Como uma chaga que não entorpece,
E que você, sempre procura mais!

Pois a maior testemunha de quem ama,
É a lagrima que sem querer se derrama!´
Quando a solidão vem bater sua porta...

Deixando-te de saudade quase morta,
Fazendo de uma pequena tolice um drama,
Querendo do amor, acender uma nova chama...
 
Solitude

Estranha loucura!

 
Vaguei noites a sua procura,
Corrompi o tempo, para te chamar de Madrugada!
Variando meu corpo no teu, esta estranha loucura!
Para falar de amor, com a boca calada...

Resumindo minhas palavras apenas num beijo,
Mas a boca teme, e reza pela razão...
Apunhalada por mil e um desejos!
Que calam as vozes do coração...
Pois queria sua alma na forma de semente,
Para transformar seu corpo em flor,
E regalo na forma de amor...

E buscar nele, o momento efêmero,
Irracional, e de carne crua...
De um desejo, nesta estranha loucura!
 
Estranha loucura!

Pecado Original (O Grito)

 
O mais lindo sonho eu pude sonhar,
E pude senti-lo transcender da minha mente
Em cada parte de seu corpo em que pude tocar,
Quando nos enroscávamos como serpentes...

A libido falava por mim com a voz da paixão,
E o que era paixão em momentos se tornou amor
E por esse amor eu tive a impressão
Que o vento soprava a meu favor...

Mas o vento mascarava os sinais
De suas rotas imprecisas e inexatas...
E por elas me perdi entre fulanos e tais,
Como um rei no xadrez de iconoclastas...

Não estou sendo exagerado,
Pois ainda existe na minha tez
O fogo de tê-la queimando ao meu lado,
Como se fosse a primeira vez...

E na boca os seus sentidos vitais,
De coração ímpio, mas tão latente
Que me fazia sempre pedir mais,
Como uma droga muito potente...

Fui viciado de você, e em ti presente
Foi um amor de forma fatal
Por você fui até inconseqüente,
Mas esbarrei no que não era real...

Mas eu lamento, eu grito
Ene vezes, pois não fora banal...
O nosso amor fora um estranho rito,
Mas o pecado não fora original...
 
Pecado Original (O Grito)

Eu encontrei a poesia em um olhar

 
Eu encontrei a poesia em um olhar
Que perdido, olhava a curva do horizonte
Onde longe quebravam as ondas do mar
Onde todo os dias o sol se esconde...
~
E ao contrário de si, todo dia o sol se faz nascer
Como o amor, ele é uma bela realidade
Como a felicidade que vemos crescer
Quando o dia nos abençoa com a claridade...
~
O amor quando chega, não bate a porta
Não escolhe caminho, ou se empresta a razão
Traz de volta a vida à emoção morta
Faz uma única estrela virar constelação...
~
Eu encontrei a poesia em um olhar
Uma lágrima, uma outra emoção
E nele um novo mundo a explorar
Os caminhos do amor, até chegar ao coração...
~
Tenho a capacidade de sentir a pele na pele
E ver em seu olhar o brilho nunca se perderá
E a Deus rogo que a esse seu amor zele
É um amor único, sei que nunca acabará...
~
Meu amor corre louco entre as pessoas na rua
E tenho certeza que um dia com seu olhar esbarrará
Para levar-te ao firmamento, e beijar-te na lua
E minha alma a sua se acorrentará...
~
Eu encontrei a poesia em um olhar
E nele, toda a tristezas e alegrias resgatadas do fundo
Delicado olhar, que me deixa suspenso ao ar
E levito de amor em nosso pequeno mundo...
~
Feliz é aquele que tenta e não desiste
Muitos morrem cegos sem nada tentar
O amor chega fácil a quem por ele existe
Pois esse, nunca perderá a poesia de um olhar...
 
Eu encontrei a poesia em um olhar

Anjos sem rumos

 
Escolhi e preparei um solo forte,
E nele plantei, minha divina semente!
Esperando de Deus, uma melhor sorte,
Para estar no meu futuro, passado, presente...
~
Logo lhe percebi germinado,
E assim brotando em um pequeno botão
Era um pequeno ser, que vinha me encantando,
Então esperei feliz, por sua primeira floração...
~
Fora assim que te cuidei pelas noites e dias,
Esperando por ti, como a redenção de meus pecados!
Mas o destino é cruel, e age em picardia,
Apodrecendo por vezes os frutos sazonados...
~
E ao ver que pequeno botão não floriria,
Chorei como a mais forte chuva de inverno
Apanhado como um escravo pedindo alforria,
Ao conhecer o mais profundo dos infernos...
~
O botão secou, dando um fim aos meus sonhos,
E eu que lhe esperava, ser o mais belo do jardim
Assim virou um pesadelo, tétrico e medonho,
Dando a minha alegria um póstumo fim...
~
Para ter-te, daria tudo que fosse preciso,
Mas com o sonho desfeito, a vida perdeu o sabor
Pois quando partiste, para morar no paraíso,
Levaste contigo, o que eu considerava amor...
~
Sinto-me como uma velha árvore tombada,
Que em seus galhos secos, não brota mais a vida
Esquecida a beira de uma estrada abandonada,
Apodrecendo como uma imagem perdida...
~
Quero-te anjo perdido, pois eu te amei,
E eu te desejei mais do que imaginava
Mas acordei com um pesadelo quando sonhei,
Percebendo que ao meu lado, tu não mais estavas...
~
A cada estrela que nasce, um anjo morre!
A cada anjo que morre, uma criança nasce...

*Em memória de minha filha Maria Eduarda Ramos (26/06/2005)
 
Anjos sem rumos

Lábios

 
Os teus lábios já não são meus,
Então somente teus, beijam o tempo!
Como numa história de Julieta sem Romeu,
Simplesmente calam por falta de argumento!

Mas ainda tem o vermelho adocicado,
Como aquele bendito fruto maduro...
Que entre outros, tem o sabor do pecado,
E onde por vezes, eu bem me aventuro...

Lábios molhados, desejo sem argumentação...
Que põem minha alma em perdição,
Num canteiro cheio de espinhos...

Onde meu desejo engana meu carinho,
Ao me ver longe sozinho,
Destes teus lábios de paixão...
 
Lábios

Propagas

 
Eu percebo que sua atitude me retalha,
Mas minha situação não impede que eu aceite,
O gentil gesto, no resto de tuas migalhas,
Mesmo que o seu olhar ainda me rejeite...
~
Eu bem que queria agora um cigarro,
Um pito apenas, para esquecer o despojo,
Comendo de teu lixo, sei que pareço bizarro,
Isso se percebe, na sua cara de nojo...
~
Pois às vezes me negas o que tens sobrando,
Preferindo jogar ao lixo, para que eu não possa juntar,
E quando o reviro, lá está seu olhar me desdenhando,
Mas te peço perdão, pois preciso me alimentar...
~
Por que a dor da fome ridiculariza o homem,
Que perde o orgulho, ao ter que mendigar,
Pois até a vergonha e a hombridade somem,
Nestes retratos, que ninguém gosta de enxergar...
~
Estou nas ruas, mas ainda não me encontrei,
Pois há muito tempo, eu me perdi no mundo,
Sei que até num trapo, eu me transformei,
Mas o pior é ainda ser taxado como vagabundo...
~
Pois saiba que junto ás latas que tu joga nas ruas,
Também colho todo o papelão jogado pelos becos
E o pouco que ganho, é das sujeiras suas,
E não pense que eu não chore, por ter os olhos secos...
~
Você não pensou, que talvez me faltara a oportunidade,
E não analisou, se sou ao menos sou inteligente
Só porque para seus padrões, estou fora da conformidade,
Pareço humano, mas para você nem todo humano é gente...
~
Não te importa que me falte teto, se está chovendo,
Se as ruas se alagam, e ratos saem dos bueiros
Não te importas ao me ver aos poucos morrendo,
Mas eu tento lutar, e para viver encontro meus meios...
~
Eu sei que o pão é sagrado, assim como é a semente
O homem também deveria, sendo ele a imagem de Deus
Mas mesmo assim, sinto-me por vezes impotente,
Ao ter que mendigar diante os olhos teus...
 
Propagas

Almas Perdidas

 
A luz da lua beijava o deserto da estrada,
E o vento parecia cantar entre as árvores...
Com vozes que pareciam brotar do nada,
Mas eram vozes retumbando dos mármores...

Mármores que cercavam a lápide fria,
Esta qual o tempo corroera o nome...
Num jaz esquecido, próximo à abadia,
Onde monges de jejum, passam fome...

E oram responsos em tons gregorianos,
Que de tétricos, fazem até a natureza chorar...
Então chove sobre os túmulos decanos,
Mas a lua entre as nuvens não se faz apagar...

E brilha forte sobre almas ainda vivas,
E não percebem o poder oculto que lhes rodeia...
Mais forte que as dos deuses e divas,
Que é o medo que pela noite semeia...

E este rasteja pelo escuro, murmurando,
Às vezes chorando entre cruzes esquecidas...
Mas que ao mundo dos vivos segue assustando,
Sendo encarado como uma alma perdida...

Então não procure luzes no escuro,
Não escute as vozes do silêncio...
Não espante os gatos negros do muro,
Não espere de Deus o descenso...

Pois guerreiros da noite ainda lutam,
São anjos e demônios, sonhos e pesadelos...
Que aos seus sussurros de medo escutam,
Mas você nunca poderá vê-los...
 
Almas Perdidas

Delírios

 
Minha natureza hoje é quem lhe chama,
Meu corpo que reclama, queima febril
Num desejo por este quarto se esparrama,
Como um animal que chegou pleno ao cio...
~
Quero é num todo te devorar,
E neste leito eu lhe abato e lhe consumo
E se fores fumaça, quero lhe tragar,
Sua alma é como o vicio que fumo...
~
Quero entranhar-me em teu pecado,
Circulando-te por todos os lados
Depois assim, aspire-me depurado,
A alma e o corpo agora purificado...
~
Quero tudo que está em face do delírio,
Meu consciente é impaciente diante do amor
Quero a luz vinda deste constante brilho,
Do devaneio aliciado, de um menino sonhador...
~
Envolverei-me em teu corpo feito cobra,
E meu veneno em ti será entornado
E será em cada curva, em cada dobra
Deste teu corpo mais que desejado...
~
Sim, são delírios que me percorrem tácitos,
São às vezes noturnos, e outras são vespertinos
Eles constituem em mim, diferentes hábitos
E nada pode deter-me, se este for meu destino...
~
Eu sou tarado diante de teu corpo feminino,
Assim o assumo, eu o quero, não sei resistir
E passo a ser um homem com a cara de menino,
Nesta sua essência que me faz existir...
~
Quero-te outra vez envolvida sob mim,
Assim lhe sorvo bem aos poucos
Até que juntos chegarmos ao esperado fim,
Assim deste jeito, delirando como loucos...
 
Delírios

Pele do desejo

 
Não existe pele ao qual eu mais desejei cheirar,
Como se nela houvera um perfume que me abraçasse...
Envolvendo-me com algo que não sei explicar,
E desejando que este momento nunca acabasse...

É como se desse aos meus olhos uma nova cor,
Ao aceitar a este teu brilho cristalino...
Que brilha em face de um novo amor,
Transformando em homem quem já fora menino...

Quiçá, se eu possuísse uma ponta deste olhar,
Ou tua pele me envolvendo, com esse divino olor...
Daí eu fecharia meus olhos, para amar por amar,
E te amaria, simplesmente amor por amor...

E repostas eu não ia querer encontrar,
Ao amar na simplicidade da primavera e da flor...
Como um toque de vento a me beijar,
Suave, como um sonho de um sonhador...

Que não deseja acordar nem por um instante,
A espera de seu beijo de fada e magia...
Que contagia ao o momento delirante,
Fazendo de seu beijo, uma nova poesia...

Tu tens a pele do desejo,
O púlpito ao qual eu enceno a dor...
De Romeu e Julieta em seu ultimo beijo,
Morrendo para a vida, mas nascendo para o amor...

Pois o amor está em sua pele, e liquefaz,
Escorrendo pelos poros, como perfume...
Fazendo-me apaixonar cada vez mais,
Aumentando o desejo que a ti me une...

Em homenagem a amiga Paloma Stella
 
Pele do desejo

Flor, amor, e espinho

 
Esparramei-me ao teu corpo insano,
Como uma semente brotando em terra virgem.
Germinei como a um ramo profano,
Com elementos que se contradizem...

Que por sua vez cresce, tornando flor,
E dela as minhas cores que permutam
Com toda a intensidade de um amor,
De duas almas que por um objetivo lutam...

Lutam, quando esbarram na guerra,
Derramando o sentimento por terra
Quando lhe falta um carinho...

Pois quando lhe fere o espinho,
Que por vezes se esconde na flor,
E esquece sua identidade de amor...
 
Flor, amor, e espinho

Arroz Carreteiro

 
Ao sul da pampa, o sol vai se escondendo,
E o gaudério, recolhe o gado na invernada...
Assim segue lentamente o dia escurecendo,
Pondo um fim, em mais um dia de jornada...
~
É a hora que fome chega feito uma condenada,
Então cato a lenha para acender o fogareiro...
Pego as panelas de ferro, e a faca prateada,
E vou preparar um arroz carreteiro...
~
O charque já picado, deixo aferventando ao fogo,
Para tirar o excesso de sal, e não ficar muito salgado...
Depois com cebola e o alho, eu refogo,
Deixando-os bem dourados...
~
Depois é só juntar o arroz,
E deixar fritar mais um pouco com a mistura...
A água vem logo após,
E deve baixar o fogo, quando começar a fervura...
~
Pois em fogo brando tu deves cozinhar,
Tampando a panela pela metade...
Quando estiver quase seco, a panela tens que abafar,
E depois de cinco minutos, pode comer a vontade...
~
Pico salsinha, só para dar um cheiro,
Porque o tempero é simples, para quem gosta de variar...
Mas com salada, é um prato inteiro,
Para a suavidade de um paladar...

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OBS: Prato típico da culinária gaúcha.

A RECEITA

Arroz de carreteiro
Tempo de preparo: 1 hora

Ingredientes
• 1/2 kg de charque
• 1/2 kg de arroz
• 1 cebola
• 3 dentes de alho

Modo de preparar
A preparação: Aferventar o charque, trocando uma vez a água. Se o charque for caseiro, basta deixar 5 horas de molho. Picar o charque em guisado médio e colocar na panela para fritar. Se o charque for gordo, colocar menos gordura. Esmagar o alho e picar juntamente com a cebola. Quando o charque estiver bem dourado, colocar a cebola e o alho picados para fritarem. Juntar o arroz e deixá-lo fritando um pouco. Colocar água fervendo até dois dedos acima do arroz. Provar o sal e cozinhar em fogo baixo.
 
Arroz Carreteiro