Tudo passa...
Criança,
Porque choras?
Se o tempo passa
Se as pessoas passam,
Se os sentimentos passam
Se as dores passam
Se as coisas passam
Se a vida passa
E você, como tudo
Passará...
Preta
19/11/2008
Sem título...
Parei no tempo
Aquele mesmo tempo que você me pedira em pensamento
Tempo melancólico, corrosivo, fugitivo
Deslumbrada com o que vi
Fascinei-me com o que não vi
Atirei-me ao abismo sem fim
Onde me encontrava flutuante
Onde tudo era eu
E eu era tudo
Onde estava você?
Não sei. Só sei que naquele momento
Não era em mim que se encontrava
Sabe aquela boca que um dia
Desejaste beijar?
Ah, como eu também à desejara...
Desejei desejar
Bocas que continham
A sensação do novo
Que me tirasse dessa melancólica rotina
Que nos leva ao abismo
Aquele mesmo abismo sem fim
Todavia, meu maior desejo é o que mais me alegra e aflinge
Desejo de libertar-te, ó Árvore graciosa
Desejo de libertar-me, ó Broto Humano.
Aquele umbigo fugiu
Esse Broto não fugirá
Ficará, crescerá e, como tudo, passará...
Preta
(24/09/2008)
Ossos do ofício
Vê aquela “pobre” criança?
Ela não é pobre
Muito menos criança
Ela é sei lá o que
Sem definição.
Vê aqueles ossos expostos?
Eles sim são alguma coisa
São os gritos de fome
Daquelas que deverião ser crianças
Daquelas que deveriam ser ricas
De conhecimento
De amores
De paixões
E de esperanças...
Preta
18/08/2008
Até quando entregaremos indifenreça como "sinal de contribuição" para que aqueles ossos passem a ser crianças???
Criança fujona...
Criança querida,
Comigo vive a brincar.
Onde está minha amada?
Será que fora pra nunca mais voltar?
Não me assustes danada,
Isso não é hora de traquinar.
Não sejas tão retada,
Prometo te acalentar.
Não me deixes aperreada,
Escutas o meu falar.
Sejas comportada,
Não demores a retornar.
Criança malandra, acanhada,
Vive sempre a sonhar.
Corre com a molecada?
Ou está a labutar?
Não vês essa pobre coitada?
Te amas sem hesitar.
Não queiras me ver cansada,
Minha pequena, de ti quero cuidar.
Não vês malcriada,
Que meu fado é te amar?
Tão ruim é essa estrada,
Que preferes abandonar?
Criança, sejas minha aliada,
Venhas comigo morar.
Não me rejeites levada,
Sabes, aqui é o teu lugar.
Não queiras me ver aborrecida,
Pois, o bicho pode pegar.
Quem disse com almofada,
A dor pode amenizar?
Não queiras a balaustrada,
Do navio em alto-mar.
Partistes em retirada,
Devo-te esperar?
Criança desejada,
Cansei de chorar.
Quer saber malvada?
Chega de lamentar...
Preta
07/11/2008, às 02:05
À minha querida criança. Àquela menina de olhos esbugalhados que ainda está em mim, mas que por vezes, me foge...