Poemas, frases e mensagens de Preta

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Preta

A Tempestade

 
A Tempestade

Tempestade (s)?
É sempre bom ver e
Sentir uma de vez em quando.
O que seria do sol, do céu, das nuvens
Sem um instante de tempestade?
Quem daria o devido valor a um dia ensolarado
Sem antes ter presenciado e apreciado um dia com a Tempestade?

Ela vem sem avisar e
Sem mais nem menos
Faz um arraso

Veja, lá vai a Tempestade
Arrasar outras vidas
Abrir novas feridas
Ensinar que melhor
Que ver um dia ensolarado sozinho
É ver um dia ensolarado
Depois de estar com a Tempestade.

Vá, tempestade
Tempestade, vá
Mas não demore à voltar.

Preta
15/08/2008
 
A Tempestade

Memória de uma Flor

 
De repente ela se via sentada naquela pedra
Aquela mesma pedra que testemunhara
Seu lamento mais persistente
Sua carência mais latente
Seu desejo mais íntimo
Seu pulsar mais forte

Ela ali estava
Com sua memória tão viva
Tão alarmante e desejante
Passado e presente confundiam-se
Novamente...

Aquela flor quisera arder na vermelhidão
Daquela textura macia, sedosa, apreciada
Ardentemente desejada...
Queria cheirá-la, acariciá-la
Lambê-la, degustá-la,
Envolvê-la em afagos
Como nunca fora envolvida...

Aquela flor rosa se confundira com a vermelha
E a vermelhidão lembrara a serpente venenosa
A maçã delíciosa daquela Árvore graciosa
De delícias em delícias elas se entrelaçaram
Na ânsia do apetite inesgotável
Foram então, duas flores vermelhas
Duas flores vermelhas sorridentes...
Até que, de repente, alguém à toca
Arrancando-a da sua memória daquilo que não fora.

Preta
20/09/2008

"A felicidade nada mais é do que boa saúde e memória fraca." (?!)
 
Memória de uma Flor

03/07/2012

 
Sensível às ondas que proferem o teu nome como um campo minado que estraçalha a folha que cai no inverno tenro do teu labirinto.
Vozes de seres que buscam o conforto nas ondas sonoras que cortam o tempo e o espaço para chegar até eles sem mais nada a oferecer, além de tons desesperados daqueles que, se identificando com a mesma busca, têm no tom o dom de nada ("poder") fazer. (03/07/2012)
 
03/07/2012

Auto-julgamento

 
Não me arrependo de nada do que fiz.
Nenhum passo infalso, nenhum movimento arbitrário.
Nenhuma causa ganha ou perdida...

Fui ré, juíza e advogada de mim mesma.
Sem malandragens, nem sacanagens e intimidações.
Pequei, confessei, orei.
Fiz-me pagã, madre, júri interno, minha própria inquisição.

Afora o acerto ao nascer, todo o resto em mim é erro
Substancial, essencial e acidental
Onde engano-me sozinha.

(Auto-julgamento - 07/01/2014)
 
Auto-julgamento

Tudo passa...

 
Criança,
Porque choras?
Se o tempo passa
Se as pessoas passam,
Se os sentimentos passam
Se as dores passam
Se as coisas passam
Se a vida passa
E você, como tudo
Passará...

Preta
19/11/2008
 
Tudo passa...

Sem título...

 
Parei no tempo
Aquele mesmo tempo que você me pedira em pensamento
Tempo melancólico, corrosivo, fugitivo

Deslumbrada com o que vi
Fascinei-me com o que não vi
Atirei-me ao abismo sem fim

Onde me encontrava flutuante
Onde tudo era eu
E eu era tudo

Onde estava você?
Não sei. Só sei que naquele momento
Não era em mim que se encontrava

Sabe aquela boca que um dia
Desejaste beijar?
Ah, como eu também à desejara...

Desejei desejar
Bocas que continham
A sensação do novo

Que me tirasse dessa melancólica rotina
Que nos leva ao abismo
Aquele mesmo abismo sem fim

Todavia, meu maior desejo é o que mais me alegra e aflinge
Desejo de libertar-te, ó Árvore graciosa
Desejo de libertar-me, ó Broto Humano.

Aquele umbigo fugiu
Esse Broto não fugirá
Ficará, crescerá e, como tudo, passará...

Preta
(24/09/2008)
 
Sem título...

Ossos do ofício

 
Vê aquela “pobre” criança?
Ela não é pobre
Muito menos criança
Ela é sei lá o que
Sem definição.

Vê aqueles ossos expostos?
Eles sim são alguma coisa
São os gritos de fome
Daquelas que deverião ser crianças
Daquelas que deveriam ser ricas
De conhecimento
De amores
De paixões
E de esperanças...

Preta
18/08/2008

Até quando entregaremos indifenreça como "sinal de contribuição" para que aqueles ossos passem a ser crianças???
 
Ossos do ofício

Criança fujona...

 
Criança querida,
Comigo vive a brincar.
Onde está minha amada?
Será que fora pra nunca mais voltar?

Não me assustes danada,
Isso não é hora de traquinar.
Não sejas tão retada,
Prometo te acalentar.

Não me deixes aperreada,
Escutas o meu falar.
Sejas comportada,
Não demores a retornar.

Criança malandra, acanhada,
Vive sempre a sonhar.
Corre com a molecada?
Ou está a labutar?

Não vês essa pobre coitada?
Te amas sem hesitar.
Não queiras me ver cansada,
Minha pequena, de ti quero cuidar.

Não vês malcriada,
Que meu fado é te amar?
Tão ruim é essa estrada,
Que preferes abandonar?

Criança, sejas minha aliada,
Venhas comigo morar.
Não me rejeites levada,
Sabes, aqui é o teu lugar.

Não queiras me ver aborrecida,
Pois, o bicho pode pegar.
Quem disse com almofada,
A dor pode amenizar?

Não queiras a balaustrada,
Do navio em alto-mar.
Partistes em retirada,
Devo-te esperar?

Criança desejada,
Cansei de chorar.
Quer saber malvada?
Chega de lamentar...

Preta
07/11/2008, às 02:05

À minha querida criança. Àquela menina de olhos esbugalhados que ainda está em mim, mas que por vezes, me foge...
 
Criança fujona...

"Poeta é o que tira de onde não tem e bota onde não cabe."

(Pinto do Monteiro)