[...corto assim a tua rota de fuga!]
É vero: não estás só, mas ainda assim
O teu olhar foge, tenta pousar no longe, 
Mas perde-se em vaguezas sufocadas
Que jamais permites venham à luz!
O que te resta?! Fugir de teu olhar, de ti?
Ser uma vela a todo pano no mar sem fim?
Buscando o quê, se o diabo nem sempre
Está aí para um pacto de conveniência? 
Equilibro-me no topo da rocha de Sísifo 
E sorrio para você, assim, de leve: 
Tens uma pinga amarelinha aí? Tens!? 
Se for de Minas, é sacra — estamos salvos! 
Deixo assim, no ar, este poema,
Mas tenho cá um propósito [secreto]:
Que te percas em meu labirinto 
E desistas de buscar a saída!
[Penas do Desterro, 17 de março de 2006]