Poemas : 

[Interséculo]

 
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Tristes sertões! Tristes Sertões!
O XIX, o Oitocentos, vige ainda!
A velha carroça de nossa história
insiste, tracoleja ainda nas estradas!

Tristes trapos de gentes!
Ontem, demoravam o seu choro,
e desfiavam as suas esperanças
no gemido dos carros de bois

e nas patas dos burros.
Hoje, gemem as suas dores
na tortura dos ossos finos
da virgem prostituta infantil,

ou nas canelas ligeiras
do frágil menino-corisco
que garimpa uns trocados
nos cruzamentos da cidade!

Tristes trapos de gente!
Filhos do Tempo,
o Ontem os gerou,
o Hoje os maltrata,

e o Futuro os mata
de esperanças vazias...
Ou à bala nas vielas
e nos becos escuros!

Tristes sertões, tristes trapos de gentes:
temos o Passado e o Presente
a cada passo que damos,
E a cada volta do nosso olhar!

Mas e o Futuro?... O Futuro?
É a maquinação ardilosa de poderosos,
a trama infame dos privilégios de alguns;
é a certeza de dor, de carradas de dor!

__________
Da minha coletânea "Arribadas[O Passo da Volta]", ilustrada por Paula Baggio

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crstopa
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Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 29/07/2011 22:32  Atualizado: 29/07/2011 22:32
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: [Interséculo]
Boa noite Caro poeta, eu sou filho do sertão de Pernambuco uma das regiões mais castigadas pela seca desde sempre, mas nunca vivi uma situação calamitosa, e a propósito estive por lá muito recentemente, onde constatei em carne o osso a má vontade do sertanejo em exercer trabalho, de modos que a desgraça do sertanejo, é mais um condicionamento do próprio, do que uma sina amaldiçoada, MJ.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/07/2011 23:55  Atualizado: 29/07/2011 23:55
 Re: [Interséculo]
CAROO POETA QUE TEXTE MEMORÁVEL, DEIXO MEU ABRAÇO