Poemas : 

À moda dos passarinhos desta manhã azul clara

 
Insisto em escrever bobagens filosóficas
Destas que me deixam enjoado
Envergonhado
De ter escrito asneiras assim
Deste jeito tão meu
Tímida violência
Explosão de cores
Sem formato algum
Como galáxias

Enxergo nas palavras
No formato dos versos
Na inclinação das caligrafias
Na aflição do poema por terminar
No suor ao tentar encaixar palavras
Motivo pra vida
Essa evadida
Que sempre me perde
No meio da estrofe

Feliz doença
Triste sina
Ser poeta ao mesmo tempo
Que me sinto tão criança
Dizendo bobagens filosóficas
Ao modo mais simples que posso
Tão cheio de tudo
Tão só com o mundo
Como se alguém fizesse questão de saber disso
Que todo mundo não sabe
Que eu nunca sei
Tão filosofia raté

Vivo angústia de apresentar-me ao trono
Deste Juízo Final
Que é a poesia

Mas sei bem
Que é necessário ser covarde
É preciso tremer diante das palavras
É preciso ter medo dos versos
Chorar com versos antigos
Que faziam sentido
E agora são saudades
De infelicidade tão linda
Que virou folha amarelada
Dentro da gaveta
Dos meus sonhos mal escritos
Pela vida

Medo de ver meu rosto nu
Em algum Canto
Destas frases indecentes
Que escrevo sem palavras
E só existem em meus delírios

Estou com sono
E algum Deus por mim respira
Inspiração é embebedar-se até o Diabo

Sou místico e contemplo pássaros que inexistem
Pois eles são mais poesia
São um com o céu
São música

Melhor ver o borrão
Que formam as estrofes
Nas páginas dos livros
Que ler o que dizem os versos

Mas é possível os dois
Quando se vive
Essa agonia
Por ainda ter alma
Ainda ter Tempo
De morrer no final do escrito

 
Autor
ferlumbras
 
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