Poemas : 

Voo na diferença

 
Se eu pudesse ser uma ave,
não seria águia ou abutre
nem gaivota ou andorinha,
seria sem dúvida voadora
pois voar é uma ideia minha.
Voaria, voaria, num voo suave:
é que quem voa pela terra nutre
uma paixão saudosa e admiradora...

Não seria mocho nem pardal
e muito menos melro ou corvo,
seria antes uma ave singular:
nas penas as cores em caudal,
nas narinas a energia com que sorvo
toda a envolvente que me cerca
quer seja o som do mar a ondular
quer sejam os ruídos da floresta.

A singularidade traz afirmação
porque a diferença gera atitude,
mas não necessariamente virtude
pois não facilita a integração...
Mas que seja esse o preço que pago
porque apenas quero ser eu:
paciência, o que doer, doeu,
pois é este o percurso que trago.

A solidão por si só
pode por vezes queimar...
Pois que queime, que queime até eu ser pó,
mas que eu seja um ser completo,
não quero ser ninguém por decreto
mesmo que isso me trouxesse afecto,
e não me quero vitimar
nem que por mim tenham dó.





Um poema escrito num dia em que me senti algo diferente e também só
 
Autor
looksgood
Autor
 
Texto
Data
Leituras
300
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
10 pontos
0
1
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.