Poemas : 

Os Indígenas

 
I

Pelo longo das suas largas costas
Passearam barões assinalados
Por nativos dantes nunca avistados
Que, assustados, em busca de respostas
Para as perguntas de sonhos sonhados
Nessas estranhas embarcações postas
Mal sabiam o tamanho do dano
Que vinha do lado, em vasto oceano.

II


No encontro primo o primeiro contato
Um misto de admiração e medo
Espelhos, sedas, os chapéus, o tato
Sem saber os nativos de um segredo
Que os atingiriam no primeiro ato
Sem imaginarem se engano ledo
Que os trariam para sempre cativos
Os homens que mal os queriam vivos.

III

Respeitando a mãe de todos, a Natura,
Não entenderam esforço vã, vil
Daquele esforço, de vida tão dura,
Do acúmulo daqueles paus-brasil,
Da missa não sabiam nem um til
Nem quem era o tal de vestes escura
Olhando o céu, beijando uma cruz,
Língua nova, falando dum Jesus.



Gyl Ferrys

Plágio descarado dos três primeiros cantos do "Os Lusíadas", de Camões.
 
Autor
Gyl
Autor
 
Texto
Data
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1973
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2
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Enviado por Tópico
Lucineide
Publicado: 20/07/2017 00:29  Atualizado: 20/07/2017 00:29
Membro de honra
Usuário desde: 06/12/2015
Localidade:
Mensagens: 1178
 Re: Os Indígenas
Os índios eram livres. Os homens quiseram escravisa-los.
Eram donos da terra,do mar, da lua e das estrelas. Todavia nunca se acharam senhores de nenhum desses bens, pelo contrário se achavam filhos deles. Os homens brancos lhe tiraram tudo, até a sua língua ficou esquecida.
Parabéns pela linda poesia indianista. Abraços!


Enviado por Tópico
Semente
Publicado: 20/07/2017 01:43  Atualizado: 20/07/2017 01:43
Membro de honra
Usuário desde: 29/08/2009
Localidade: Ribeirão Preto SP Brasil
Mensagens: 8560
 Re: Os Indígenas/ PARA GYL
Oh, mas ficou um plágio fantástico , meu querido Gyl. Fala sério, hein, que fôlego de gênio o teu, porque escrever bem já não é fácil, sobre os Indígenas e sua luta ao direito inalienável da vida, menos ainda, e se assemelhar à Camões, e seu Luzíadas, é altear-se na poesia!

Parabéns poeta por sua versatilidade em versar temas cada vez mais literários e difíceis. Te admiro, bem o sabes!
Beijos e abraços, Gyl !!


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 20/07/2017 05:03  Atualizado: 22/07/2017 11:40
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1940
 Re: Os Indígenas
"... da missa sabiam nem um poema til..."
Isto é Luis Vaz de Camões nos Lusíadas?!?!?
Mano, não me lembrava.
Mas se em anexo dizes que não é teu, é dele, como é plágio?
Tenho de voltar para a escola.
As coisas já não são como antigamente.
Conselho de amigo:
Pedagogicamente é importante informar o leitor quando tiramos excertos dum texto.
Aprendi vagamente como era feito na escolinha.
O excerto (ou a totalidade) deve ficar entre aspas, ou itálico. Fora do corpo do texto (o luso permite escrever a azul [como no lápis da censura]) coloca-se o nome do autor citado, o do nome da obra, a página dentro da obra e o nome da editora do livro usado (ou URL).
Posso estar a errar.
Mas creio não ser por muito.

Sim. Os nativos nem faziam ideia da escumalha escravizante que estava a chegar com a sua cruz, as suas doenças e a sua ambição sem limites...
Belo retrato.
Camões não teria vergonha da tua "apropriação".
Abraço irmão de letras


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 20/07/2017 12:51  Atualizado: 20/07/2017 12:51
 Re: Os Indígenas
Gostei muito! Pobre do índio, negro, ou pobre,
sempre outro quer espezinhar, tirar proveito.
Ficou lindo seu poema. Gostei da franqueza do plágio, isso e ser honesto !!!!
Bjs parabéns.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/07/2017 16:29  Atualizado: 21/07/2017 16:29
 Re: Os Indígenas
... a velha cruz estará sempre cravada no peito da nossa terra. Parabéns.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/07/2017 07:54  Atualizado: 22/07/2017 07:54
 Re: Os Indígenas
.
Olá, Gyl.
O teu texto é muito inteligente, criativo e original e, portanto, de plágio não tem nada. Tomo a liberdade de transcrever um dos artigos do E-Dicionário de Termos Literários (http://edtl.fcsh.unl.pt), que costumo consultar, e que esclarece bem a distinção entre termos que, muitas vezes, se confundem: a paródia, a sátira, o pastiche, a paráfrase, a alusão, a citação e o plágio.

"1. A paródia é a deformação de um texto preexistente. 2. A sátira é a censura de um texto preexistente. 3. O pastiche é a imitação criativa de um texto preexistente. 4. O plágio é a imitação ilegítima de um texto preexistente. 5. A paráfrase é o desenvolvimento de um texto preexistente. 6. A alusão é a referência indireta a um texto preexistente. 7. A citação é a transcrição de um texto preexistente."

"a) A paródia deforma, censura, imita (criativamente), desenvolve, referencia e não transcreve um texto preexistente. b) A sátira censura e referencia, mas não imita, não deforma e não desenvolve um texto preexistente. c) O pastiche imita criativamente, referencia e transcreve, mas não deforma, não censura e não desenvolve um texto preexistente. d) O plágio imita ilegitimamente e transcreve, mas não deforma, não censura, não desenvolve e não referencia um texto preexistente. e) A paráfrase desenvolve, referencia, mas não deforma, não censura, não imita e não transcreve (antes reescreve) um texto preexistente. f) A alusão referencia, mas não deforma, não censura, não imita, não desenvolve e não transcreve um texto preexistente. g) A citação transcreve, imita e referencia, mas não deforma, não censura e não desenvolve um texto preexistente."

Depois disto tudo, diria que gosto mais dos termos "releitura" ou "aproximação".

Talvez aches interessante a abordagem a "Os Lusíadas", que o poeta Vasco Graça Moura releu com grande brilhantismo, procurando tornar mais acessível esta obra tão desafiante.
Fica aqui uma estância sobre a deusa Vénus, para aguçar o apetite:

"Camões descreve-a assim, meio despida,
E, no tempo em que escreve, essa nudez
Era coisa imoral e atrevida
E proibida (mas que estupidez!);
Ele soube porém dar-lhe tal vida
E tanto encantamento dessa vez,
Que a censura não pôs, nessa manhã,
Bola vermelha ao canto, sobre o ecrã."

"Os Lusíadas para gente nova", de V. G. Moura (Gradiva, 2012)